Deputada cobra a Dilma solução para quilombo Rio dos Macacos

Luís Augusto Gomes

Numa reafirmação de sua combatividade e independência, a deputada Luiza Maia (PT) cobrou ontem uma posição da presidente Dilma Rousseff em relação à localidade de Rio dos Macacos, área remanescente de quilombo ocupada há mais de 150 anos na vizinhança da Base Naval de Aratu, em Salvador.

Em meio a uma disputa judicial com Marinha do Brasil, que se diz proprietária do terreno, cerca de 60 famílias estão sendo submetidas todo tipo de pressão para deixar o local. “Não vivemos mais numa ditadura, e a presidente Dilma não pode se furtar de ver o que a Marinha está fazendo com aquela comunidade”, disse a deputada.

Reiterando, em discurso da tribuna, que a organização militar faz parte do governo, sendo, portanto, subordinada à presidente, Luiza afirmou que “não tem cabimento o que os moradores estejam sofrendo, agressões, violência, até a água tiram daquela comunidade pobre”.

Recentemente, a presidente esteve em Salvador para um período de descanso justamente na praia da Inema, que fica dentro da base naval. Os moradores fizeram um ato público, que nada adiantou, acusando a Marinha de ter bloqueado o acesso, com a colocação de um portão que faz a área “parecer uma senzala”, segundo um morador.

Senso comum entende que o poder transforma – Situações como a da comunidade de Rio dos Macacos servem para consagrar uma tese aceita no meio político, e em geral incorporada pela população, de que “não há nada mais parecido com governo do que a oposição quando chega ao governo”.

Outros fatos levantados na sessão de ontem da Assembleia Legislativa conduzem a essa conclusão, como a cobrança do deputado Carlos Gaban (DEM) aos líderes sindicais dos servidores públicos, em razão de até agora não ter sido encaminhado à Casa o projeto de reajuste salarial da categoria.

Gaban estranha que o assunto venha sendo por ele denunciado “há mais de duas semanas sem nenhuma repercussão”. O deputado teme ainda que, em caso de envio da mensagem governamental, não haja, como adiantou o governador, retroatividade ao mês de janeiro.

“Existe uma lei que obriga o governador do Estado a conceder esse aumento a partir de janeiro, como está nos projetos que nos foram mandados pelo Judiciário e pelo Ministério Público”, afirmou, questionando: “Onde estão os sindicalistas? Por que estão calados? Será que confundem representatividade com filiação partidária?”

Lógica partidária prevalece sobre a representação – O parlamentar oposicionista tocou no ponto central da questão. Quando o PT e outros partidos aliados estavam lutando para chegar ao poder, esse projeto envolvia os servidores públicos, assim como a outros segmentos profissionais, que tinham seus interesses defendidos a ferro e fogo pelos sindicalistas ligados às legendas.

Mas essa cúpula obedecia a uma lógica partidária, não trabalhista. Hoje, como antes, seus compromissos de representação são com os partidos, que, tendo chegado ao poder, passaram a ser governo. Salários, direitos, vantagens – isso não vem tanto ao caso agora.

No ano passado, a APLB, entidade dos professores estaduais, desrespeitou esse “princípio”, e mesmo sendo controlada pelo PCdoB promoveu greve de quatro meses, a maior que se tem notícia no Estado. O movimento foi apontado como um dos principais fatores do fracasso do governo nas eleições municipais. (Por Escrito)

http://www.jornaldamidia.com.br/2013/03/26/deputada-cobra-a-dilma-solucao-para-quilombo-rio-dos-macacos/

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