Diversos setores da sociedade se reuniram em seminário nesta quinta-feira (14), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), para discutir e apontar soluções para o atual modelo energético. O evento foi organizado pela Plataforma Operária e Camponesa para a Energia e pela Bancada dos deputados do PT de São Paulo, além de contar com outras organizações parceiras.
A proposta para a realização do encontro surgiu como resposta às posições contrárias do governador Geraldo Alckmin, além de governadores tucanos do PSDB de Minas Gerais e Paraná, em relação à redução da tarifa de energia. Para Alencar Santana Braga, deputado estadual e atual líder da bancada do PT, não é nenhuma coincidência esses três estados irem contra a renovação das concessões de energia. “Enquanto a presidenta Dilma tomou uma medida dura, efetiva em relação ao setor energético, garantindo a redução aos trabalhadores, o PSDB jogou na contramão, demonstrando que existem dois projetos energéticos distintos para o país”, esclareceu o deputado.
Entretanto, apesar das posições favoráveis à redução do preço da luz anunciada pelo governo federal no final do ano passado, houve apontamentos sobre as omissões que a Medida Provisória 579 deixou em relação aos trabalhadores do setor elétrico. “Por trás da redução da tarifa, que é positiva, existem muitas consequências, porque o capital dificilmente quer perder, e para não reduzir seu lucro precariza o trabalho, demite funcionários, diminui salários, terceiriza; ou seja, nada ficou resguardado para os trabalhadores”, apontou Gentil Teixeira de Freitas, presidente do STIEEC.
Na mesma direção, Neide Ramos, integrante da Marcha Mundial das Mulheres e moradora do Jardim Julieta, comemorou a redução do preço da energia, mas aponta que os preços são abusivos e a fiscalização é praticamente inexistente. “Nós lutamos desde 2008 contra os altíssimos preços da conta de energia no nosso bairro e nos bairros vizinhos, é um absurdo justamente a classe trabalhadora, aqueles que muitas vezes tem só uma televisão e um chuveiro pagarem às vezes trezentos, quatrocentos reais pela conta”, desabafou Neide.
Para o ex-diretor de administração da Eletrobrás no governo Lula, Roberto Silva, a atual situação de São Paulo é explicável pelas políticas de privatização que o estado passou nas últimas décadas. “A Eletropaulo, privatizada, está prestando um serviço péssimo à população, cada dia pior e cada dia mais caro, remuneram os acionistas das empresas, remetendo lucro e baixando a qualidade da manutenção; o fio não aguenta por muito tempo, depois de dez anos ele explode, a infraestrutura cede, como aconteceu no Rio de Janeiro e já está ocorrendo em São Paulo”, apontou Roberto.
A MP da redução das tarifas também evidencia uma disputa entre capital financeiro e industrial, segundo o coordenador nacional do MAB, Gilberto Cervinski. “As usinas e linhas de transmissão em disputa eram, majoritariamente, estatais. A renovação evitou uma nova onda de privatizações e a redução das tarifas beneficiou principalmente a população e os setores industriais, em detrimento dos setores rentistas”, concluiu Gilberto.
No caso das usinas com concessão renovada, a energia que era vendida por cerca de R$ 95,00/MWh agora será entregue por R$ 30,00/Mwh. Essa redução foi possível pela contribuição do sistema Eletrobrás e de seus trabalhadores. No entanto, nada foi alterado no lucro das empresas privadas de energia. A AES Tietê, por exemplo, que assim como a Eletrobrás possui usinas com mais de 40 anos, continuará vendendo a R$ 182,00/MWh em contratos bilaterais com a AES Eletropaulo.
Panfletagem
Ainda nesta quinta-feira, cerca de 100 militantes do MAB entregaram na estação de metrô Barra Funda, zona oeste de São Paulo, materiais denunciando os atingidos e os beneficiados pelos altos preços da energia no país. “Nós queremos nos somar a toda à população para lutar por um modelo popular para a energia, já que todos são atingidos pelo atual sistema”, explica Louise Lobler, coordenadora estadual do MAB.
A ação, assim como o Seminário, fez parte do segundo dia do Encontro Estadual do MAB, realizado entre os dias 13 e 15, que também celebra o 14 de março, Dia internacional de lutas contra as barragens, pelos rios, pela água e pela vida!.
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Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.
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