Atingidos por barragem de Sobradinho ocupam rodovia e exigem direito a água

Da Comunicação do MAB

Na madrugada desta quarta-feira, 13 de março, cerca de mil atingidos pela barragem de Sobradinho ocuparam a BA 210, rodovia que liga a cidade de Paulo Afonso a Sento Sé, na Bahia. Os manifestantes reivindicam a responsabilidade social da CODEVASF, da CHESF e do Estado brasileiro com a pauta dos atingidos pela barragem de Sobradinho.  Uma das principais reivindicações é o direito a água. A manifestação faz parte da Jornada nacional de lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens, que ocorre nesta semana do 14 de março, considerado o Dia internacional de luta contra as barragens, pelos rios, pela água e pela vida.

Há mais de 30 anos, os atingidos por Sobradinho foram expulsos da beira do rio São Francisco e relocados para as áreas de caatinga, sem nenhuma estrutura e hoje sofrem as graves consequências da violenta seca por que passa o nordeste brasileiro. “Quando a gente chegou nas novas áreas nem casa tinha, ficamos de baixo de lona uns seis meses. Com muita dificuldade construímos as nossas casas porque que a empresa não deu nada. Nós mulheres muitas vezes buscamos água na cabeça a três quilômetros, fazer comida foi muito sofrimento e até hoje sofremos porque a água não chegou”, reclamou dona Josefa, da comunidade de Brejo de Fora, município de Sento Sé.

Existe um projeto da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) de abastecimento de água, mas os atingidos afirmam que até agora é só promessa. “Estamos pagando até R$ 150 reais em um carro pipa de água, é muito difícil essa vida”, desabafou dona Josefa. 

O caso da barragem de Sobradinho no norte da Bahia é um caso histórico de violação dos direitos humanos. Para a coordenadora do MAB, Fernanda Rodrigues, a ação desta manhã é um grande levante dos atingidos pela água.

“É inadmissível que as famílias expulsas da beira do rio para a geração de energia, que garante tanta riqueza, vivam nesta situação de miséria. A água é fonte de vida e um direito de todos, muitas famílias estão deixando de comprar comida para comprar água, isso é inadmissível. A CHESF, a CODEVASF e o Estado brasileiro precisam assumir a responsabilidade social que tem conosco”, concluiu Fernanda.

Os atingidos esperam que as ações de abastecimento de água aconteçam nas comunidades atingidas, enquanto isso permanecerão mobilizados até que a CODEVASF e os órgãos responsáveis se pronunciem no atendimento da pauta. Com a manifestação, os atingidos conseguiram uma audiência com a Codevasf para as 11 horas desta manhã.

Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

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