Mulheres da Via Campesina iniciam Jornada Nacional de Lutas no ES

Por Rafael Soriano, Da Página do MST

Cerca de 300 trabalhadoras e trabalhadores rurais iniciam nesta terça-feira (5), no Espírito Santo, a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, coordenada por mulheres acampadas e assentadas das diversas regiões do estado.

As mobilizações começam nesta manhã no município de Ponto Belo (cerca de 350 km ao norte de Vitória), onde os diversos movimentos sociais ligados à Via Campesina realizam uma marcha pelas ruas da cidade e seguem em fileira até o município vizinho de Mucurici.

As camponesas questionam a impunidade e violência no campo, e pedem a condenação do fazendeiro Edilson de Siqueira Varejão e demais participantes do assassinato do Sem Terra Saturnino Ribeiro dos Santos. Saturnino foi alvo da ação de pistoleiros, coordenados pelo próprio fazendeiro, que, em 14 de outubro de 1997, invadiram o acampamento Novo Horizonte, em Mucurici, e atiraram contra as famílias Sem Terra a fim de expulsá-las dali.

Para a Via Campesina, o caso é uma mostra escancarada do resultado da política agrária levada à cabo pelo Estado brasileiro. “Estamos mobilizadas para denunciar a ineficiência do governo federal em garantir as desapropriações de terras para assentar mais de 90 mil famílias acampadas em nosso país e a falta de uma política de fortalecimento da agricultura camponesa”, alertam.

No estado do Espírito Santo, o caso não está isolado. Em Pedro Canário, em 1989 foi assassinado Valdício Barbosa dos Santos; em Pancas, Francisco Domingos Ramos foi morto em 1989 e, em Montanha, a vítima foi Verino Sossai, em 1990. A impunidade é a marca que estes casos carregam, apesar dos inquéritos policiais, como o caso de Saturnino, apontarem diversas provas do envolvimento de todos os participantes do crime (dois membros da família Siqueira Varejão e quatro outros pistoleiros).

Nos dias 12 e 13 de setembro de 2012, os assassinos de Saturnino foram julgados na Câmara Legislativa de Ponto Belo, mas somente dois dos seis envolvidos receberam pena de 6 anos de prisão, entretanto usufruindo de regime semi-aberto.

Nas palavras de Adelso Rocha, da Via Campesina, “essa região (extremo norte capixaba) está sob o domínio dos grandes latifundiários, os quais impõem seu poderio nas diversas esferas da sociedade, desde os aspectos econômicos, políticos e militar. Fazem a justiça a seu favor com as próprias mãos, homologado pela justiça oficial, conforme julgamento ocorrido”.

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