Nota sobre o julgamento do estupro coletivo praticado por integrantes da banda New Hit

No dia 26 de agosto de 2012, na cidade de Ruy Barbosa na Bahia, duas adolescentes foram estupradas por 9 homens integrantes da Banda New Hit, dentro do ônibus do grupo. As meninas se dirigiram ao veículo para pedir autógrafos e parabenizar um dos integrantes que fazia aniversário. Lá, foram violentadas de forma brutal e humilhante, com a conivência e também violência de um Policial Militar.

Em virtude do caso, no dia 26 de outubro de 2012, nós, da Marcha Mundial das Mulheres , fomos até a casa de veraneio do estuprador Eduardo Martins, vocalista da Banda New Hit. Afirmamos que enquanto não houver justiça haverá escracho feminista!

Para nós, exigir a punição de todos os estupradores e agressores às mulheres é tarefa fundamental dos que defendem a igualdade e a liberdade. A impunidade incentiva e naturaliza a violência contra a mulher.

Além do sofrimento provocado pelo crime violento, as vítimas estão distantes da sua cidade, afastadas do convívio social e tendo suas liberdades cerceadas. Sofreram violência sexual e encontram-se encarceradas por conta das ameaças de morte. Enquanto isso, os autores do crime estão em liberdade realizando shows pelo Brasil. Uma completa inversão de valores, quando quem comete a violência é consagrado, enquanto quem a sofre é relegada ao silêncio e a ter que se esconder para sobreviver.

Casos como esses são cada vez mais recorrentes em nossa sociedade que convive com a violência às mulheres como forma de dominação e exploração.

No geral, a violência é utilizada como controle da vida, do corpo e da sexualidade das mulheres. Muitos estupros tentam ser justificados porque caminhamos sozinhas à noite, porque somos lésbicas, ou quando desobedecemos aos maridos. A lógica da violência funciona como “corretivo” às mulheres consideradas “putas”. Um castigo por desobedecermos as normas que nos são ensinadas/impostas.

No caso do estupro coletivo cometido pelos integrantes da Banda New Hit não  foi diferente. As adolescentes foram julgadas como vagabundas e que mereciam o estupro por terem subido no veículo em que estavam 9 homens.

O estupro é talvez a manifestação mais cruel da violência machista, anuncia o fato de que a mulher não tem possibilidade de escolhas sobre o seu próprio corpo, e que nossas vidas estão inscritas no limite da subordinação aos homens.

Vivemos um momento na conjuntura da vida das mulheres em que a classe dominante tenta consolidar a idéia de que a igualdade já foi alcançada e a luta feminista não é mais necessária. Essa idéia tenta ser difundida principalmente nos países que, por exemplo, possuem mulheres na presidência, ou em outros cargos importantes do Estado, porém, os dados relativos aos índices de violência às mulheres da classe trabalhadora são alarmantes.

Segundo o Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres no Brasil, publicado em 2012 pelo Instituto Sangrari, a cada três minutos uma mulher sofre algum tipo de violência. Entre os anos de 1980 e 2010, foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no país. Nos últimos dez anos, foram 43,7 mil assassinatos, representando um aumento de 230% em relação ao período anterior. Ademais, sabemos que apenas 2% dos agressores de mulheres são condenados, o que demonstra o completo descaso das autoridades às inúmeras violências sofridas pelas mulheres.

No Brasil, a lei Maria da Penha representa um avanço, fruto da luta do movimento feminista, mas os problemas de precariedade nos órgãos e na rede de atendimento às mulheres, a falta de pessoal especializado, de funcionários capacitados, sucateamento das poucas delegacias de atendimento à mulher e quase inexistência de equipamentos como casas-abrigo públicas, dificultam sua aplicabilidade e o rompimento do ciclo de violência vivido pelas mulheres.

Sabemos que o fato deles serem homens com fama e dinheiro os protegem. Somente com muita pressão social e política os estupradores serão condenados. A prisão de Eduardo Martins e de toda a Banda New Hit será uma vitória das mulheres e homens que defendem uma sociedade justa e igualitária.

Defendemos um Projeto Popular para o Brasil e compreendemos que a eliminação da violência contra a mulher e da mercantilização dos nossos corpos é parte fundamental para a construção de uma sociedade em que a justiça, igualdade e liberdade sejam pilares. Somos Negra Zeferina, Luiza Mahin, Maria Felippa! Empunharemos nossos corpos como espadas para defender uma sociedade justa e igualitária. Somos mulheres organizadas que não silenciam diante de atrocidades como essa. Até que os integrantes da Banda New Hit sejam julgados e condenados não descansaremos!

Temos direito a uma vida sem violência e lutaremos por isso.

Por um Projeto Feminista e Popular seguiremos em Marcha até que todas sejamos LIVRES!

QUEREMOS EDUARDO MARTINS PRESO! ESTUPRO É CRIME E A CULPA NUNCA É DA MULHER! NEW HIT NA CADEIA!

  • MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES
  • SOF – Sempreviva Organização Feminista
  • Conselho da Condição Feminina de Cubatão/SP
  • União de Mulheres do Município de São Paulo
  • UNEGRO
  • Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Lins – São Paulo/SP
  • Articulação Popular e Sindical de Mulheres Negras de São Paulo
  • APEOESP – Secretaria da Mulher SP
  • APP Sindicato – Paraná/PR
  • Associação dos Servidores do Hospital das Clínicas – São Paulo/SP
  • Associação IBGE
  • Associação Recomeçar- Mogi Das Cruzes/Sp
  • Casa Cidinha Kopcak
  • Terra Roxa – Juiz de Fora/MG
  • Central de Movimentos Populares – RJ
  • Central de trabalhadoras e trabalhadores do Brasil
  • Centro de Defesa e Convivência da Mulher Casa Viviane dos Santos
  • O Teatro Mágico
  • Centro de Referência da Mulher de Cubatão/SP
  • Setorial de Mulheres do PT de Santos
  • Centro Nacional de Resistência e Religiosidade Afro-Brasileira- CENARAB
  • CIM – Centro Informação Mulher – São Paulo
  • Cinemulher – São Paulo/SP
  • Secretaria da Mulher SINPEEM
  • Ciranda Internacional de Comunicação
  • Coletivo de mulheres Ana Montenegro
  • Associação Mulher e Movimento Hip Hop (Hip Hop Mulher) – São Paulo/SP
  • Coletivo de Mulheres Feministas de Araras/SP
  • Sindicato dos Bancários – SP
  • Coletivo de Mulheres PT
  • Coletivo Maria Maria – Juiz de Fora/MG
  • Fórum Promotoras Legais e Populares
  • Coletivo Nacional Enegrecer
  • Comitê Popular da Copa
  • Núcleo Feminista Olga Benário – UF Araguaína/TO
  • Consulta Popular
  • UBM – União Brasileira de Mulheres
  • Coordenação de Promotoras Legais Populares de São Paulo
  • Coordenação Nacional de Entidades Negras
  • CUT Minas Gerais
  • Departamento de Políticas Públicas para Mulheres da Prefeitura de
  • Hortolândia/SP
  • Diretoria de Mulheres da UNE
  • Casa Anastácia
  • Facesp
  • Federação de Mulheres Paulistas
  • Coletivo Feminista Marias Baderna
  • FEM – CUT
  • Festival Vulva la Vida –BA
  • Coletivo de Mulheres do PT de Cubatão/SP
  • Secretaria Estadual e Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT
  • FLM – Frente de Luta por Moradia
  • Fórum de Mulheres de Torres/RS
  • Fórum de Mulheres Negras do Estado de São Paulo/SP
  • ASETT – Comissão de Mulheres A.Latina
  • Associação Comunitária de Mulheres da Cidade Tiradentes
  • Frente de Luta por Moradia
  • Movimento das Mulheres do Sertão do Vale do São Francisco (Bahia e
  • Pernambuco) – Núcleo da MMM
  • Coletivo Femnista Lélia Gonzáles
  • Frentex SP
  • Fuzarca Feminista
  • Grupo de Mulheres na Periferia – Campinas/São Paulo
  • Grupo Mulheres na Comunicação à Serviço da vida da Associação Comunitária de
  • Radiodifusão de Independência/CE
  • Intervozes
  • Kiwi Companhia de Teatro/Cooperativa Paulista de Teatro – São Paulo/SP
  • Levante Popular da Juventude
  • Liga Brasileira de Lésbicas
  • Confederação das Mulheres do Brasil
  • Marcha das Vadias Itabuna-Bahia
  • MMC – Movimento de Moradia do Centro
  • Secretaria de Mulheres Estadual CUT -SP MNLM – Movimento Nacional de Luta
  • Pela Moradia
  • Secretaria de Mulheres do PCdoB
  • Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste – MMTR-NE
  • Secretaria de Mulheres do PSOL
  • Movimento de Mulheres Olga Benário
  • Secretaria de Mulheres da APEOESP
  • Marcha das Vadias de São Paulo
  • Associação da Sociedade Civil “Construindo Gênero” – Cubatão/SP
  • Movimento de Mulheres PT – Santos
  • Mulheres PCB
  • Frente Femnista USP
  • Núcleo Marcha Mundial das Mulheres da USP
  • Sindicato dos Psicólogos -SP
  • Núcleo Negra Zeferina da Marcha Mundial das Mulheres – Salvador/BA
  • Núcleo UFBA da Marcha Mundial das Mulheres
  • Movimento de Saúde da Zona Leste/SP
  • Oriashé – Coletivo de Mulheres Negras – São Paulo/SP
  • Poéticas Feministas – UNESP
  • Projeto Maria, Maria – São Paulo
  • REF – Rede Feminismo e Economia
  • Secretaria da Mulher dsa APEOESP
  • Secretaria de Combate às Opressões -SINDSEF-SP
  • União dos Estudantes da Bahia Secretaria de Mulheres de Alagoas/CE
  • Casa Helenira de Rezende
  • Secretaria de Mulheres do PT-DF
  • UMMSP
  • Coletivo de Mulheres do IFRN – Natal/RN
  • Sindicato dos Advogados de São Paulo
  • Centro de Estudos Apolônio de Carvalho
  • Sindprev – Alagoas/CE
  • Sintaema
  • Coletivo Emancipar
  • Sintratel
  • Subvertidas – Blog Feminista

http://www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/questoes-de-genero/265-generos-em-noticias/17380-nota-sobre-o-julgamento-do-estupro-coletivo-praticado-por-integrantes-da-banda-new-hit

Enviada por Sandra Sagrado.

Comments (1)

  1. A pena para os estupradores tem que ser a desativação dos seus orgâos genitais já que estes não conseguem controla-los. Já existe uma vacina na Coréia do Sul que castra biologicamente o estuprador fazendo com que ele fique incapaz de utilizar novamente seu pênis para praticar o estupro. Este tipo de crime tem que ser punido de uma forma que os estupradores fiquem aterrorizados pela punição e nunca mais possam praticar este ato.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.