“Mensagem ao STF sobre denúncias Marãiwatsédé”

“Atuei como perita do juiz no processo de terras xavantes de Maraiwatsede, no Mato Grosso, entre 2005 e 2006, e desde então venho tentando ser ouvida quanto a denúncias envolvendo governador de estado, juízes, MPF, Funai e advogados dos réus, em irregularidades que testemunhei no exercício dessa função e ao longo dessa tentativa de denúncia. A condução deste processo é irregular, até mesmo por não ter indiciado governador de estado comprovadamente envolvido nos planos de invasão das terras indígenas em 1992, pouco depois da entrega do relatório de identificação, com financiamento de latifundiário da região que escondeu na sede da fazenda Suiá Missu, pouco antes, três sacos de crânios humanos. Os índios não tinham ninguém em sua defesa. Muito menos procuradores que agiram ativamente contra o interesse deles, até mesmo causando assassinato de dois sem terras, para atender esse propósito.

As denúncias de irregularidades foram encaminhadas muitas e muitas vezes, primeiro parceladamente, e depois sintetizadas em carta aberta, às mais diversas autoridades, incluindo juiz da Quinta Vara do MT e desembargadores do TRF1 e sua Corregedoria, MPF e Dra. Déborah Duprat, senador Pedro Taques, entreguei-a em mãos ao Ministro Gilberto Carvalho, há mais de oito meses, diante de uma plateia de estudantes de Direito que me apoiava no ato, encaminhei-as a Paulo Maldos, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e enfim, incontáveis tentativas de ser ouvida, já que se trata de denúncias gravíssimas.

Apesar de nunca ter conseguido que se tomasse qualquer providência, tive minha vida pessoal e familiar absolutamente destruída ao longo de sete anos de tentativa de interlocução com os Poderes Públicos para testemunhar sobre tudo que observei como perita neste processo e jamais pude voltar a atuar como antropóloga de forma remunerada, embora tivesse sido selecionada para seis cargos, cujos contratos depois não saíam, nem eu recebia resposta a minhas tentativas de obter explicações para isso. A verba de projeto elaborado por mim, aprovada, desapareceu, enquanto minha assinatura apareceu falsificada em prestação de contas.

Os próprios advogados dos réus, entre eles, Luís Alfredo Feresin de Abreu, e latifundiários perigosos e violentos da região que invadiram aquelas terras, me assediaram continuamente ao longo dos últimos sete anos, inclusive com e-mails de provocação, enquanto inutilmente eu pedia providências das autoridades, entre elas, Presidente do TRF1 e Corregedoria do TRF1. Desliguei três linhas telefônicas cujos números foram publicados sem minha autorização por uma Vara Judicial que sequer pagou devidamente meus honorários, enquanto fui forçada a me separar de meus filhos e me mudar constantemente de endereço, depois de receber telefonemas anônimos.

Prejudicada inicialmente pela própria Vara Judicial de diversas formas, nos últimos meses, fui caluniada na imprensa e em listas de indigenistas incluindo autoridades, tais como o próprio Presidente do TRF1, e acabei com isso descobrindo a participação direta de indigenistas que exerceram suas funções públicas de forma a contradizer a essência dos objetivos dessas mesmas funções. Descobri também a relação desses fatos com denúncias que encaminhei em nome do Observatório Interdisciplinar de Políticas Públicas da USP, num outro processo, igualmente ignoradas pelo MPF e Corregedoria da Funai.

Sendo assim, gostaria de saber como devo fazer para encaminhar essas denúncias de forma que elas cheguem diretamente ao Excelentíssimo Senhor Ministro Joaquim Barbosa.

Atenciosamente,
Inês Rosa Bueno”

Comments (1)

  1. Esse processo e eivado de fraude, temos todos doc. no processso , e essa regiaõ o mapa cartografico foi desviado da area de resera indigena, iso nignuem pode negar, so conhece os AUTOS DO PREOCESSO, SE VC QUER AJUDAR O TRABALHADOR RURAL, ISSO E BOM SO VERDADE., na região area existe latifundiario e nem ha ninguem perigoso, prova disso que policia acaba de fazer maior absurdo e povo nao reagiu. Vc quer nos ajudar fale somentea verdade.

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