ES – Quilombola é agredido por agentes penitenciários no norte do Estado

Músico corre risco de perder visão de um olho, mas laudo não atesta lesão grave

Livia Francez

Morador da comunidade Linharinho, em Conceição da Barra (norte do Estado), foi vítima de agressão praticada por quatro agentes penitenciários que faziam a segurança de um evento no mesmo município. Desde a agressão, a vítima – que foi agredida com arma de choque no olho – tenta registrar a ocorrência, mas não consegue finalizar o processo.

Rogério conta que no dia do fato foi ao local da festa, mas como ainda era cedo decidiu sair para retornar depois. Neste momento foi questionado pelos seguranças, que alegaram não ser possível o retorno depois de deixar o recinto. Quando voltou ao local, Rogério conta que foi iniciada uma discussão com um dos agentes que fazia a segurança e logo ocorreu a agressão, com os outros três agentes se juntando ao primeiro.

A vítima diz que depois de levar o primeiro choque na costela perdeu os sentidos, só recobrando a consciência no hospital. Além da costela, Rogério também levou um choque no olho e corre o risco de perder a visão. 

Ele chegou a ficar em observação no Hospital São Lucas, em Vitória, onde foi constatado o ferimento embaixo da pálpebra. O laudo atestando as lesões de Rogério foi feito em Conceição da Barra. No entanto, a lesão que pode custar a visão dele foi classificada como leve pela médica que o atendeu.

A vítima tenta reverter o laudo, já que em nova consulta realizada nesta terça-feira (4) o médico que o atendeu afirmou que aquela era uma lesão grave, mas que não poderia fornecer outro laudo conflitante com o primeiro e que deveria ser a médica responsável pelo primeiro atendimento a fazer a correção.

Rogério também enfrenta dificuldades para registrar a ocorrência corretamente. Na primeira tentativa, o ano em que ocorreu a agressão saiu errado no Boletim de Ocorrência (BO); na segunda, o nome do delegado responsável saiu errado, Paulo Roberto Amaral, que já não atua na delegacia de Polícia Civil de Conceição da Barra, em vez de Roberto Fanti de Resende, atual delegado responsável no município. Os nomes da vítima e o da mãe também já saíram errados no boletim. O temor de Rogério é que os erros possam dificultar o andamento do processo.

Após corrigir os erros no BO, Rogério pretende dar andamento ao processo contra os agentes penitenciários, a fim de reparar o que ele chama de crueldade.

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