MG – Show relembra Cantorias que percorreram o país nos anos 1980

O violonista João Omar dirige espetáculo com Xangai, Chico César, Saulo e Elomar, com repertório de composições próprias e clássicos da MPB

Ao reunir os cantores Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai, na década de 1980, para gravar Cantoria, que resultaria em dois aclamados discos, o produtor musical carioca Mário de Aratanha provavelmente não imaginava o desdobramento da série em outras, entre as quais Cantadores, que reúne hoje, no Teatro Sesc-Palladium, Chico César, Elomar, Saulo Laranjeira e Xangai.

“O propósito de Elomar, ao retomar o formato, é comemorar a qualidade da música regional brasileira e o sucesso do Centro Cultural Casa dos Carneiros, que ele criou em Vitória da Conquista (BA), onde o projeto estreou no mês passado”, afirma o cantor Saulo Laranjeira. Elomar e Xangai, vale lembrar, são os dois únicos remanescentes do projeto original. Belo Horizonte será a primeira capital brasileira a receber o espetáculo, depois da cidade baiana.

Então proprietário da Kuarup Discos, que encerrou as atividades em 2009, Mário de Aratanha captou, em plenos anos 1980, o potencial da música regional que, se não vende milhares de cópias, como continuam querendo as combalidas gravadoras, consegue reunir centenas, e às vezes, milhares de pessoas, em concertos e shows.

Adquirido pela multinacional Sony Music, o acervo da gravadora independente carioca vem ganhando reedições que continuam atraindo a atenção do público consumidor. A primeira Cantoria, gravada ao vivo no Teatro Castro Alves, de Salvador, por exemplo, ganhou nova tiragem em CD, em setembro.
Do canto renascentista às cantigas do Nordeste brasileiro, passando pelo cancioneiro ibérico,Cantadores se propõe a resgatar os feitos e cantos dos menestréis, poetas errantes, aedos e rapsodos, com direito inclusive a clássicos da MPB, como Serra da Boa Esperança, de Lamartine Babo, Romaria, de Renato Teixeira, e O violeiro e Cantiga de amigo, de Elomar.
Filho do cantador baiano Elomar, o jovem cantor, violonista e maestro João Omar de Carvalho Mello, que assina a direção musical do espetáculo, abre a apresentação interpretando Mia irmana fremosa, de Martin Codax, para evocar o cancioneiro medieval que, como ele faz questão de lembrar, acabou se espalhando pelo mundo. Inclusive no Brasil, onde as mesmas características são encontradas nos cantadores da diversas regiões do país.
VIOLA E VIOLONCELOPor ordem de entrada, estarão em cena no novo show Xangai, Chico César, Saulo Laranjeira e Elomar, que, depois de apresentações solo, se reunirão no palco, ao fim do espetáculo. Além de acompanhar Saulo Laranjeira e Elomar ao violão, João Omar também toca violoncelo com Chico César. Apesar de Cantadores remeter ao show Cantoria, como espaço celebrado com o momento do canto, o maestro admite que o objetivo não é refazer o projeto de Mário de Aratanha.

“O nosso projeto vai variar, inclusive, o quadro de artistas no decorrer da temporada”, observa João Omar, salientando que a ideia de Elomar é convidar artistas como o violonista Marcelo Melo, do Quinteto Violado, além de Amelinha e Elba Ramalho, entre outros. De acordo com Xangai, quando do primeiro encontro, em Salvador, na década de 1980, em que se apresentou ao lado de Elomar, Geraldo Azevedo e Vital Farias, foi ele quem batizou o show como Cantoria.
“Era o nome mais indicado para nós, que falamos a língua ‘brasilerança’”, justifica, admitindo que a cantoria é a herança de toda cultura que temos, desde a colonização. “Antes de os portugueses chegarem aqui já havia uma língua, uma língua miscigenada”, repara Xangai. O cantor e compositor salienta que o que distingue nossa língua, portanto, são os variados sotaques que ela apresenta Brasil afora.
“Tenho lembrança do impacto que a Cantoria proporcionou em quem gosta de música regional. Foi uma coisa muito forte”, lembra Saula Laranjeira. Na época, Vital Farias, por exemplo, era desconhecido do grande público. Assim como Xangai, que também teve oportunidade de mostrar o seu trabalho. “O impacto foi muito grande: foi forte, envolvente e marcante. A química dos quatro era incrível, a ponto de eles receberem reconhecimento de público e de crítica”, completa Saulo, feliz por integrar o grupo deCantadores.

CANTADORES – CHICO CÉSAR, ELOMAR, SAULO LARANJEIRA E XANGAI 
Grande Teatro do SESC-Palladium, Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. Hoje, 21h. Ingressos na bilheteria – R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada), primeiro lote, e pelo ingresso.com. Informações: (31) 3279-1500.
Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.
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