Piada da semana: “Índios estão integrados ao modo de vida urbano, afirma pesquisa” (encomendada pela CNA…)

A “pesquisa inédita do Datafolha” deixa claro: foi “encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)”, aquela da senadora Kátia Abreu e demais ruralistas.   Se não dá para cobrar metodologia na curta notícia, por outro lado isso se torna desnecessário na medida em que os gráficos abaixo (e que valem ser vistos) explicitam a ideologia que a norteia de modo indiscutível, ao dividir os resultados entre “população indígena” e “população brasileira”.

Que “população brasileira” é essa, cara pálida, quando nas redes sociais e em todas as capitais brasileiras o que temos visto nos últimos dias é uma incrível proliferação de Kaiowá, Guarani e, até, Munduruku? Tem que ser muito alienado de fato – no caso, evidente, das pessoas intelectualmente honestas mas que se deixam desinformar pela chamada “grande mídia” – para aceitar a indecorosa manipulação proposta, enquanto os Guarani-Kaiowá, seus velhos, seus jovens e suas crianças têm menos direitos que o gado dos pecuaristas, às margens das estradas que cortam suas terras indígenas! Tania Pacheco.

Matheus Leitão, de Brasília

Os índios brasileiros estão integrados ao modo de vida urbano. Televisão, DVD, geladeira, fogão a gás e celulares são bens de consumo que já foram incorporados à rotina de muitas aldeias. A formação universitária é um sonho da maioria deles.

Pesquisa inédita do Datafolha, encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), revela esse perfil. Entre os dias 7 de junho e 11 de julho, foram realizadas 1.222 entrevistas, em 32 aldeias com cem habitantes ou mais, em todas as regiões do país.

Segundo a pesquisa, 63% dos índios têm televisão, 37% têm aparelho de DVD e 51%, geladeira, 66% usam o próprio fogão a gás e 36% já ligam do próprio celular.

Só 11% dos índios, no entanto, têm acesso à internet e apenas 6% são donos de um computador. O rádio é usado por 40% dos entrevistados.

Para o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), “é evidente que essa novidade produz mudanças, mas isso não significa a instalação de um conflito cultural. Não é o fato de adquirir uma TV ou portar um celular que fará alguém ser menos indígena”.

De todo modo, os números ainda estão longe dos percentuais de acesso a bens de consumo da média da população. No Brasil como um todo, segundo o IBGE, 98% têm televisão; 82%, aparelho de DVD; e 79% têm celular.

A pesquisa teve ainda o intuito de avaliar as condições de vida dos indígenas.

Questionados sobre o principal problema enfrentado no Brasil, 29% dos entrevistados apontaram as dificuldades de acesso à saúde.

A situação territorial ficou em segundo lugar (24%), seguida da discriminação (16%), do acesso à educação (12%) e do emprego (9%).

Em relação ao principal problema enfrentado na vida pessoal, a saúde permaneceu em primeiro lugar para 30%. O emprego apareceu em segundo, com 16%, seguido de saneamento (16%). A questão territorial, nesse caso, desaparece.

A pesquisa mostra que o aumento de fontes de informação tem influenciado a vida familiar dos índios: 55% conhecem e 32% usam métodos anticoncepcionais como camisinha e pílula. Mais de 80% ouviram falar da Aids.

A maioria dos índios (67%) gostaria de ter uma formação universitária. Apesar de ser considerado muito importante para 79% dos entrevistados, o banheiro em casa só existe para 18% deles.

Algumas características das aldeias: 69% têm postos de saúde; 88%, escolas; 59%, igrejas; 19%, mercados; e 6%, farmácias.

 

http://www1.folha.uol.com.br/poder/1183492-indios-estao-integrados-ao-modo-de-vida-urbano-afirma-pesquisa.shtml. Enviada por Ro’otsitsina Juruna para Cedefes.

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