Aracruz Celulose engana população com propaganda sobre eucaliptais sustentáveis

Selo Verde do FSC é farsa, aponta Movimento dos Pequenos Agricultores

Ubervalter Coimbra

A propaganda da Aracruz Celulose (Fibria) sobre os seus plantios de eucalipto  tem como objetivo vender  à população uma visão distorcida dos danos causados por estas plantações. E a certificação de “Selo Verde” do Forest Stewardship Council (FSC), que agora respalda a  propaganda, também foi concedido com bases falsas, compradas pela certificadora.

A avaliação é de Leomar Honorato Lírio, da coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Os pequenos agricultores de toda a área impactada pelo plantio de eucalipto são os que mais sofrem com o uso intensivo de agrotóxicos pela Aracruz. Os eucaliptos secam córregos e até rios, e a pouca água que fica é contaminada. Inclusive as águas subterrâneas.

Leomar Lírio começa por questionar os critérios de sustentabilidade da Fibria (Aracruz Celulose). E também os que  são utilizados pelo FSC. Afirma que os agricultores têm visão diferente: defendem que sejam utilizadas espécies da mata nativa em plantios de vegetação, e que jamais sejam feitos na escala dos plantios de eucalipto.

Lembra que os plantios monoculturais, como o  de eucalipto, produzem apenas para o mercado externo.  Diferentemente do MPA, que produz alimentos para consumo da população. E os plantios de alimentos são feitos de forma natural, preservando as espécies nativas, e as águas.

A  Aracruz vem intensificando a publicação de textos em todas as mídias. E, em pontos estratégicos das cidade, colocando outdoors. De nada vale esta propaganda para as pessoas que sabem que debaixo dos eucaliptais não cresce nenhuma outra espécie, nem estes ambientes são habitados por animais, assinala Leomar Lírio.

O dirigente do MPA informou que o ambiente nos eucaliptais se torna impróprio para vida pelo uso intensivo de herbicidas, principalmente o Roundup, glifosato, ambos produzidos pela Bayer. O uso intensivo da terra consome seus nutrientes, completando um ciclo de destruição.

A Aracruz afirma que tem “por base uma área florestal de 1,077 milhão de hectares”, em sete estados: Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

A empresa  informa em seu site que tem “três fábricas em operação com capacidade para produzir um total de 5,25 milhões de toneladas de celulose por ano”. E ainda, que “completou o processo em outubro, com a certificação das áreas das operações do Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais”.

A Via Campesina, da qual faz parte o MPA,  defende  para o campo em todo o mundo os seguintes pontos: proibir a introdução e o cultivo de sementes transgênicas; eliminar o uso de agrotóxicos; passar do uso de fertilizantes sintéticos para a utilização de métodos da agroecologia, usando mais matéria orgânica no solo e aumentando sua população de microrganismos; rejeitar a proposta da Economia Verde, de dar preço à natureza e a suas funções; afirmar e manter a moratória sobre a tecnologia terminator e a moratória sobre a geoengenharia; e, Impor urgentemente uma moratória à biologia sintética.

http://www.seculodiario.com.br/exibir.php?id=1790

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