“Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda a população!”
“Por uma São Luís sem Exclusão!”
No último dia 07 de setembro, conhecido como Dia da Pátria, que é símbolo de liberdade e resistência a todo sistema de opressão neste país, uma parcela da população de São Luís, revoltada com o derrame de dinheiro do povo do Maranhão nas comemorações dos 400 anos dessa cidade, foi às ruas a fim de denunciar publicamente a contradição e a mentira que é tudo isso!
Considerando as comemorações dos 400 anos com shows milionários e construções às pressas, uma afronta à dignidade dos filhos e das filhas deste Estado.
O dia 7 de setembro, desde 1994, não é mais sinônimo de desfile Militar tão somente. Não há mais como falar em dia da Pátria sem levar em conta o Grito dos Excluídos e Excluídas. A verdadeira festa da democracia é no dia sete, quando pelo Brasil afora, milhares de pessoas, que acreditam e sonham com outro mundo sem exclusão, sem injustiças, saem às ruas com suas bandeiras e palavras, cantos e indignação, a fim de denunciar o velho sistema e anunciar o dia da liberdade dos povos deste chão.
Ocorre que no Maranhão até isto é proibido! Quer dizer, a política escravocrata implantada neste Estado, nas suas diversas esferas, insiste em não permitir que seus filhos sejam de fato LIVRES, para se pronunciar e questionar as mentiras impostas.
É por isso que no dia 7 de setembro de 2012, em São Luís, o Grito dos Excluídos foi marcado por sucessivos atos de violência por parte do aparato Policial do Maranhão, comandado há quase 50 anos por uma oligarquia imoral e inescrupulosa, atualmente somando nas duas esferas com a “não-gestão” da senhora Roseana Sarney no âmbito estadual e do senhor João Castelo, no município de São Luís.
O grupo estava cheio de vontade de soltar seu grito reprimido pela arrogância dos que comandam este Estado. Formado por pessoas de comunidades atingidas pelos projetos sujos dos governos estadual e municipal, freiras, padres, operários, jornalistas, sindicalistas, artistas, professores, militantes de movimento sociais, estudantes e também militantes de partidos políticos saíram em marcha e entraram na avenida, quando foram agredidos no seu legítimo direito de se manifestar por policiais despreparados e truculentos, que atacaram sem qualquer constrangimento, gente do povo cujas únicas armas que possuíam eram as bandeiras e faixas com denúncias e palavras de ordem.
Atacaram e agrediram mulheres que portavam bandeiras de luta contra a discriminação e o racismo que, diariamente, violenta comunidades inteiras em São Luís. Elas tiveram suas bandeiras arrancadas, que nas mãos dos policiais se transformaram em instrumento repressor. Outras pessoas levaram spray de pimenta no rosto, socos, chutes e pontapés, empurrões e insultos.
As atividades jornalísticas quiseram amordaçar, os policiais tentaram de todo jeito impedir o registro em fotos e/ou vídeos do que estava ocorrendo na manifestação, principalmente a violência praticada por eles. Dois dos manifestantes, que claramente estavam registrando o ato, foram reprimidos, sendo que um deles, o jornalista e membro das comunidades Eclesiais de Base – CEBS, Ramon Alves, foi violentado de forma escandalosa, arrastado pelo asfalto, algemado e preso no camburão de uma viatura da Polícia Militar, sendo levado como um criminoso para o plantão Central em São Luís.
É por tudo isso e muito mais que REPUDIAMOS de forma veemente toda atrocidade que acontece diariamente nesse Estado e nesta cidade, contra os excluídos de alimentação, de saúde, de moradia, de educação, de água potável e de segurança.
REPUDIAMOS a violência praticada contra as manifestações sociais por justiça nesta cidade.
REPUDIAMOS a criminalização dos movimentos sociais por este Estado ditatorial e corrupto.
REPUDIAMOS a apropriação voraz dos territórios, pela especulação imobiliária e projetos dos governos estadual e municipal, que expulsam centenas de pessoas de suas casas como se fossem objetos.
REPUDIAMOS as medidas repressoras, discriminatórias e truculentas as quais as policias usam contra as manifestações sociais neste Estado.
REPUDIAMOS a postura do atual governo do estado do Maranhão, que reprime violentamente e desrespeita as manifestações públicas (como foi o caso recente do Vinhais Velho) e os movimentos dos trabalhadores, caso da greve dos professores e dos militares. O governo desrespeita a liberdade de expressão e o exercício da cidadania. E é por isso, que exigimos fim à criminalização de pessoas de bem neste Estado.
É por tudo isso e muito mais que CONCLAMAMOS a sociedade ludovicense a se juntar conosco neste grito por justiça no Maranhão, por justiça em São Luis. Grito por respeito as nossas crianças que não possuem sequer o direito a estudar e ao lazer.
Chega de repressão, da voz dos que querem dizer a verdade! Chega de violência e de desperdício de dinheiro nestas festas que afrontam nossa dignidade, enquanto povo deste torrão Maranhão.
Por último AFIRMAMOS que ninguém vai nos calar, ninguém vai nos impedir de caminhar nas ruas deste Estado, pois somos também filhas e filhos deste chão.
Afirmamos que vamos buscar responsabilizar o Estado do Maranhão, pelos danos sofridos pelos manifestantes do Grito dos Excluídos de São Luís. Vamos usar todas as ferramentas, mas, acima de tudo, vamos usar da nossa organização, do apoio de mulheres e homens desta cidade e de outras partes deste mundo. Tudo isso para garantir que as filhas e os filhos desta terra possam ser de fato LIVRES!
Avante a organização popular por um Estado que garanta de fato direitos a todos seus filhos e suas filhas.
Assinam este manifesto:
Comitê das Assembléias Populares, União Estadual Por Moradia Popular, Central de Movimentos Populares, Grupo de Mulheres da Vila Embratel, Jornal VIAS DE FATO, Quilombo Urbano, PSTU, PSOL, RESISTENCIA PETISTA, IDHPA/PCB, Mova São Luís, Movimento Ocupa São Luís, CSP/Conlutas, CEBS, PAJUP/UNDB, Comitê do Padre Josimo, Comunidades da Área Itaquí Bacanga, ACIB, Irmãs São José e São Jacinto, Irmãs de Notre Dame de Namur, LIDA, Anel, Comunidade Vinhais Velho, Associação de Moradores da Vila Cristalina, Fórum de Direitos Humanos do Maranhão, Mova São Luís, CEBI, MST, Mandato do Deputado Bira do Pindaré, Pastoral da Juventude, Quilombo Raça e Classe, CARITAS ARQUIDIOCESANA Movimento dos/As Pescadores/as, RECID, Pastoral da Comunicação, Gedmma, SINTRAJUFE, Sind. Bancários, APRUMA, Comunidade Eugenio Pereira e Marcha Contra a Corrupção.
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Enviada por Vania Regina Carvalho.