Nota de repúdio a invasão da UERJ pelo Batalhão de Choque em 23.08.2012
Os fatos ocorridos ontem (23/08) na UERJ – ação truculenta da PM contra manifestação a favor da greve e corte de luz do Campus do Maracanã ontem e hoje – nos deixaram indignados e perplexos. Perplexidade e mal-estar diante da presença de PMs no interior da Universidade, com uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo e posterior fechamento do campus sem nenhuma explicação da Administração Central.
A universidade não é lugar de polícia. Historicamente, na UERJ inclusive, a universidade se estruturou como lugar de trocas de ideias, de debates, de invenções e de circulação de saberes e de opiniões políticas de todos os tipos ou matizes. E a Universidade, em nosso país e em muitos outros lugares, se constituiu como espaço de rebeldias que mudaram significativamente certas tradições conservadoras na sociedade. Espaço de liberdade e de experimentos que é essencial para o crescimento e desenvolvimento da vida acadêmica. Esta herança nos é cara, e muitos dentre nós lutamos por isto em outros momentos em nosso país.
Conflitos de interesses, institucionais e políticos não podem ser objeto de intervenções externas. Estamos presenciando a ultrapassagem inaceitável de um limiar em termos de desrespeito à nossa Universidade e à sua tradição como lugar de debate que necessita de garantias democráticas.
Uma greve legal e legítima está sendo desconsiderada pelo governo do estado que ontem produziu esta invasão inaceitável do campus. E ainda hoje se recusa a negociar. A negociação com os representantes legítimos da greve faz parte dos preceitos democráticos. As partes precisam ser ouvidas e o diálogo se impõe. Mais uma vez reiteramos: é inaceitável, diante de uma demanda de negociação, a expressão de uma negativa acompanhada por truculências e desrespeito à autonomia universitária.
Contra uma reitoria que estimula a violência na Universidade e não o diálogo, assine http://www.peticaopublica.com.
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Enviada por Mônica Lima.
GT Ambiente AGB assina petição pública contra a ultrapassagem inaceitável de um limiar em termos de desrespeito à nossa Universidade e à sua tradição como lugar de debate que necessita de garantias democráticas.