Vergonha! Secretaria de Direitos Humanos do RJ abandona Alexandre Anderson e Dayze num hotel por 14 dias, sem segurança, e agora dá 24 horas para eles saírem

Tania Pacheco – Combate ao Racismo Ambiental

O desgoverno é total no Estado do Rio de Janeiro, pelo menos no que diz respeito aos Direitos Humanos! Integrante do Programa de Defensores de Direitos Humanos do Governo Federal, Alexandre Anderson e sua mulher, Dayze Menezes, estão há 14 dias literalmente abandonados num “hotel popular”do Rio de Janeiro, sem qualquer tipo de segurança e, inclusive, sem recursos financeiros, contando apenas com duas alimentações por dia. Desde o dia 3 de agosto, quando tiveram de ser retirados às pressas de Magé, não têm notícias dos filhos, que tiveram de ser deixados com a família, igualmente sem proteção. Para eles, a única ligação com o mundo, neste instante, é via internet, por e-mail.

Não estavam tendo qualquer ajuda da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, através do gestor do Programa de Defensores no Estado, sob cuja guarda deveriam estar. E, há cerca de meia hora, receberam uma notícia totalmente absurda: teriam que deixar o hoje, pois o Programa não teria mais dinheiro para pagar suas diárias. Assim, sem mais nem menos, como se por livre e espontânea vontade tivessem vindo passar uns dias de férias na “Cidade Maravilhosa” e se hospedado por conta própria num hotel, pretendendo ser bancados pelos cofres públicos!

Ante seus protestos de que o próprio Programa os havia trazido para o hotel, por estarem sob perigo iminente, os responsáveis pelo Projeto Legal do Programa deram um prazo até as 12 horas de amanhã, sábado, para que eles saíssem [para onde?]. Agora, Alexandre Anderson está tentando contato com Igo Martini, Coordenador Geral do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Esperamos que através dele algo mude nessa situação revoltante e kafkiana!

No dia 6 deste mês, na Câmara dos Vereadores, Alexandre Anderson foi homenageado. Uma das pessoas presentes à mesa era um Defensor Público, Henrique Guelber, do Núcleo de Defesa de Direitos Humanos. No seu discurso, ele garantiu a Alexandre e a todos @s presentes que a Defensoria Pública se ocuparia do caso, a partir daquele momento.

Pois acabo de passar os últimos 90 minutos tentando falar com o Defensor Henrique Guelber, com a Ouvidoria, com o telefone de emergência e com o número geral da Defensoria Pública, mas tudo é simplesmente inútil. O número do Núcleo – 2332-63454 -, fornecido pela recepção da DP, simplesmente não atende. O 129, de emergências, diz que um Defensor de Direitos Humanos ameaçado sendo expulso do hotel não é assunto deles; o 0800 da Ouvidoria está aparentemente fora do gancho;  e no telefone geral a informação é de que nada podem fazer, pois a questão é afeta diretamente ao Núcleo. Que Defensoria Pública é essa?

Alexandre e Dayze não querem ficar num hotel do Rio de Janeiro. Muito ao contrário, querem voltar para casa. Como ele disse num e-mail: “Queremos retornar! Antes que aconteça algo com nossos filhos e família. Eles estão numa região que não tem nem DPO/Polícia Militar, não tem policiamento, só tem milícia agindo!” Mas é fundamental que o Estado garanta a ele e à família a segurança da qual necessitam.

Anteontem, Alexandre teve notícias de que mais um diretor e liderança da AHOMAR havia sofrido um atentado. Sua casa foi invadida, e ele escapou “por pouco”. Notícias como essa só aumentam o seu e o nosso (de todas as pessoas que acompanham a questão) desespero, como não poderia deixar de ser. Nem ele e Dayze nem nós queremos chorar a morte de mais pescadores! Chega!

Que o Governo do Estado do Rio de Janeiro cumpra com suas obrigações pelo menos em relação à proteção de Alexandre e Dayze! Tudo isso é revoltante e vergonhoso!

Abaixo, trechos de e-mails de Alexandre, enviados ontem e hoje, antes da “expulsão” do hotel:

“Completam hoje 15 dias que eu e minha esposa fomos retirados às pressas de casa, por conta de novas ameaças, falta de segurança e um possível e iminente atentado contra nós. Estamos jogados em um “hotel”, no Rio de Janeiro, sem nenhuma condição, sem dinheiro para telefonemas, lavagem de roupa ou até mesmo água para beber; é insuportável! Minha esposa já passou mal três vezes, está com depressão alta, e só fica a chorar! O cerco está se fechando para nós!”

“Temos hoje 20 vinte lideranças da AHOMAR ameaçadas de morte. Dentre elas, umas 12 estão foragidas de suas casas. Deixaram tudo pra trás na última semana, e outro teve sua casa arrombada e invadida por matadores conhecidos na região! Ele mesmo ontem esteve no Rio para registrar o ocorrido”.

“Eu só quero voltar pra casa! Só isso! Poder estar com minha família e meus companheiros de luta, pois após minha saída eles foram atacados também! Não sei o que fazer! Sinceramente! Este pescador está ficando esgotado. Só queremos ajudar; mais nada ! Ajudar meus irmãos pescadores que hoje são tratados com tanto desrespeito! Não estou nada bem! As coisas estão críticas para nós! E tenho medo de perder mais amigos”.

Chega, repetimos nós!

Comments (1)

  1. E’TUDO TÃO ÀS CLARAS QUE NÃO DÁ PRA ENTENDER POR QUE OS BANDIDOS NÃO SÃO PRESOS. CHICO MENDES FOI UMA MORTE ANUNCIADA. MUITOS OUTROS ANTES DELE E MUITOS DEPOIS DELE MORRERÃO! SE ALGUNS SABEM QUEM SÃO OS INTERESSADOS POR QUE A”JUSTIÇA” OS PROTEGE?

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