Leitura de livro reduz tempo de pena

Detento terá prazo de 21 a 30 dias para ler e fazer resenha da publicação

Brasília. Uma portaria do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) publicada na edição de ontem do “Diário Oficial da União” autoriza os presos de regime fechado custodiados em penitenciárias federais a reduzirem o tempo de pena através da leitura de livros.

O Depen é o órgão do Ministério da Justiça responsável pelas penitenciárias federais do país e também estabelece políticas para o sistema penal. Conforme a portaria nº 276, a hipótese de remição também estará disponível para detidos em prisão cautelar – para aqueles que estão aguardando o julgamento.

O ingresso do preso no programa Remissão pela Leitura é voluntário e, por cada livro lido, ele deverá apresentar uma resenha da obra, que será analisada por uma comissão responsável por verificar sua fidedignidade dentro da unidade.

Acervo. Cada penitenciária federal deverá contar com bibliotecas com, no mínimo 20, exemplares de cada obra do projeto. Os presos poderão escolher entre obras de literatura clássica, científica ou filosófica.

Ao receber o livro, o detento terá o prazo de 21 a 30 dias para a leitura, devendo apresentar, ao final do período, a resenha. Caso o detento termine a leitura antes do prazo, deverá aguardar para solicitar outro livro.

Por cada livro lido pode ser feita a remição de 4 dias. Ao final de um ano, com 12 obras lidas, o preso pode descontar 48 dias da pena.

Uma comissão interna irá analisar a estética, limitação ao tema e fidedignidade das resenhas, encaminhando a avaliação para o Ministério Público e a Justiça. O juiz federal responsável pela unidade decidirá se a remição ocorrerá ou não com base nas informações enviadas pelos presídios.

O texto alerta aos integrantes das comissões penitenciárias que pode configurar crime atestar falsamente uma remição de pena por leitura que não foi realizada conforme os critérios da portaria. O preso também terá direito a receber informações sobre os dias remidos.

Algumas penitenciárias federais já possuíam bibliotecas, com a possibilidade de remição de pena por leitura. Mas isso não abrangia todas as unidades e não havia uma regulamentação com as regras para que isso fosse feito nem a exigência de se entregar uma resenha.

A portaria, assinada pelo ministro corregedor-geral da Justiça Federal, João Otávio de Noronha, e pelo diretor-geral do Depen, Augusto Rossini, entrou em vigor ontem.

População cresce 472% em 21 anos

Brasília. Segundo dados divulgados pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o país tinha, em dezembro de 2011, 514.582 presos em penitenciárias federais. Esse número coloca o país em quarto lugar no mundo em população carcerária.

Com uma taxa relativa de 270 presos para cada 100 mil habitantes atualmente, o país viu o número de detentos aumentar em 472% nos últimos 21 anos ? em 1990, o Brasil possuía 90 mil presos.

O aumento da população carcerária, entretanto, não significou redução da criminalidade. Em 1979, havia 9,4 homicídios para cada 100 mil habitantes. Em 2010, esse número aumentou para 27,3 para cada 100 mil habitantes.

http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=205967,OTE. Enviada por José Carlos.

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