Índios, moradores da Vila Autódromo e representantes de vários segmentos da sociedade civil fazem protestos perto do Riocentro, onde ocorre a Rio+20

Flavia Milhorance, Gustavo Goulart – O Globo

RIO — O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, causou um alvoroço, no fim da manhã desta quarta-feira, ao parar rapidamente para dialogar com manifestantes que participam de um ato contra a remoção de famílias que vivem na Vila Autódromo, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Eles protestam contra a remoção da retirada da comunidade, que é ameaçada de remoção pelo plano de obras dos Olimpíadas de 2016. Numa rápida parada de carro na barreira formada por policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Carvalho conversou cerca de dez minutos com líderes da manifestação.

— São pessoas de luta, gente séria, que reivindica os seus direitos. Estou muito bem no meio deles — relatou o ministro.

Segundo Vagner Caetano, da Secretaria Social da Presidência da República, ficou combinado que, nesta quarta-feira, vai haver um encontro entre os manifestantes e os representantes da ONU e do governo federal no Riocentro. Segundo ele, o grupo vai entregar um documento com soluções para a situação da Vila Autódromo.

Cerca de dois mil moradores e integrantes de vários movimentos sociais do país participaram do ato ao redor da Vila Autódromo, a aproximadamente 500 metros do Riocentro. Segundo os organizadores, o grupo também protestou contra a remoção de famílias de outras comunidades do Rio e do Brasil.

O protesto foi coordenado pela Via Campesina e contou com a participação de outros movimentos sociais. De acordo com Marcelo Durão, representante do movimento, a ideia foi formar um abraço simbólico à comunidade.

Por volta das 11h, os manifestantes chegaram ao limite permitido, na Avenida Salvador Allende. O Batalhão de Choque da Polícia Militar está a postos, e os manifestantes pedem passagem. Os PMs estão armados com cassetetes, bombas de gás lacrimogênio, coletes à prova de balas e máscaras protetoras. Apesar da tensão, não há confronto. Por motivos de segurança, a avenida está interditada, o que causa transtornos no trânsito das redondezas.

— Este ato surgiu das discussões da Cúpula dos Povos. Queremos sinalizar para a remoção das famílias de suas casas. O caso da Vila Autódromo é um exemplo disto. Há 40 anos eles convivem com o fantasma das remoção — disse Durão.

O grupo da Terra Indígena Raposa do Sol também esteve presente. Segundo o índio Teumo Paulino, eles lutam contra os grandes empreendimentos em terras indígenas.

— Belo Monte é o maior exemplo deles — afirmou Paulino.

Protesto pacífico dentro do Riocentro

No Riocentro, jovens formaram uma “linha vermelha” e pediram a reabertura das negociações do documento que será assinado pelos chefes de estado que vêm à Rio+20. O texto do Rascunho Zero foi finalizado nesta terça-feira. De acordo com um dos líderes do protesto, Leonardo dos Reis Souza, o ato foi organizado pela internet, onde eles iniciaram um abaixo assinado que já tem mil assinaturas. No Riocentro, pelo menos 30 pessoas vestem camisas vermelhas e estão enfileirados.

— Estamos fazendo alusão a linha vermelha, a linha dos limites —afirmou Leonardo. — Um dos pontos que achamos que foi prejudicado foi a questão dos direitos humanos. De forma geral, o texto se mostrou mais fraco até que em 1992. Por isso esperamos que ele seja reaberto.

Há brasileiros e estrangeiros no ato. Eles seguram cartazes com a frase “this is our red line” (esta é a nossa linha vermelha em inglês). E em cada cartaz há um ponto enfatizado, como a questão da juventude, das mulheres, entre outras.

http://extra.globo.com/noticias/rio/rio-20/gilberto-carvalho-conversa-com-manifestantes-que-protestam-no-riocentro-5263089.html#ixzz1yMFKv5UZ

Comments (2)

  1. Nossa indignação de ver a mercantilização de tudo, em detrimento do direito humano a viver com dignidade. Do indigena que veem sua vida se esvair, as muitas Vilas Autodromos do Brasil que sâo despejadas e pulverizadas sem direito real a cidade. Somos recebidos como criminosos e somos apenas defensores dos direitos humanos, os movimentos populares!

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