Contra o Racismo: Atos de protesto reúnem movimento negro e imigrantes africanos em São Paulo

Adital – A morte da jovem angolana Zulmira Borges, vítima da violência contra imigrantes africanos no Brasil, impulsionou uma ampla articulação com a presença do movimento negro, imigrantes africanos a realizar um ato de protesto intitulado Mobilização Zulmira Somos Nós durante os próximos dias 21 e 22 de junho em São Paulo, onde ocorreu o assassinato supostamente [??? TP] motivado por causas racistas.

O primeiro ato, no dia 21, está marcado para as 16h no Pátio do Colégio, em frente à Secretaria de Justiça no Centro de São Paulo. Durante o dia 22 haverá um ato pluri-religioso, às 18h, na Rua Riachuelo, n. 268 (Salão São Francisco), no Centro. Já no dia 28 de junho, às 11h, será realizada uma Audiência Pública na Câmara Municipal, com a presença de autoridades e movimentos.

O movimento negro, a comunidade de imigrantes africanos no país e os amigos da vítima perceberam, após o assassinato de Zulmira e das excessivas ofensas e ameaças que recebem, a necessidade de concretizar uma ação deste gênero para alertar sobre os casos de violência, física e moral, sofridos em função da discriminação racial: “Temos que fazer alguma coisa para chamar a atenção da sociedade civil e apelar para um pouco mais de humanidade”, disse o angolano Agostinho Martins, um dos organizadores do ato.

O caso de Zulmira não teve uma abrangência satisfatória, nem tanta repercussão nos meios de comunicação brasileiros, mas para Agostinho o mais importante é tocar as autoridades, através dos órgãos comprometidos com a realidade e que se preocupam com a vida dos cidadãos e cidadãs, para que haja segurança e justiça para as vítimas.

“Com este ato nós queremos apelar para as autoridades e pedir que a segurança pública dê mais atenção a esses casos. Esperamos também que se faça justiça pela nossa amiga e irmã Zulmira”, declara o entrevistado.

As dificuldades que os africanos enfrentam são notórias assim que chegam ao país, no setor da imigração, por exemplo, quando são tratados de forma diferenciada de outros estrangeiros.

Agostinho conheceu bem essa experiência. “Há certa diferença no atendimento entre nós, que viemos da Angola, e outros estrangeiros. Fui submetido a um grande interrogatório, enquanto pessoas que pareciam vir de países ocidentais eram recebidos de forma diferente”, falou.

Além disso, afirmou que vários angolanos já tiveram de retornar ao seu país sem motivos aparentes. “Nós ficamos sem saber o que aconteceu, pois as informações nunca chegam ao nosso alcance e não temos a quem pedir explicações. Eles mesmos [os membros da imigração] criam motivos para que os africanos deixem o Brasil”, acrescentou.

Sobre o assassinato de Zulmira

No dia 22 de maio deste ano Zulmira de Souza Borges Cardoso estava com amigos no Brás, um bairro muito frequentado por imigrantes africanos em São Paulo, quando foram abordados por um homem que proferiu ofensas racistas contra o grupo. Em seguida, o agressor voltou armado ao local e disparou contra os angolanos, ferindo três deles e tirando a vida de Zulmira.

O inquérito sobre o crime ainda não foi concluído, mas o movimento negro e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) terão encontro com o Secretário de Segurança Pública de São Paulo para pedir rigor na investigação.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=68028

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