Denúncia na Rio+20: Passivo socioambiental deixado na cidade do Rio pela multinacional General Electric – G.E.

O solo e a água apresentam contaminantes de diversos tipos entre eles Níquel, Cromo, Chumbo, Mercúrio, PCB´s (ascarel), além de outros contaminantes que podem solubilizar ou evaporar e podem causar diversos prejuízos à saúde humana

Histórico: 

A propriedade foi adquirida em 1919, sendo que as primeiras atividades produtivas começaram em 1921. As atividades de produção eram conduzidas pela Divisão de Iluminação da multinacional GE, que produz lâmpadas de diversos tipos, incluindo incandescentes, fluorescentes e mistas.

A GE fabricava no local, lâmpadas incandescentes, fluorescentes e mistas. O processo industrial compreendia a fabricação lâmpadas incandescentes e fluorescentes, tubos fluorescentes, bulbos especiais e tubos de quartzo.

A fabricação de componentes metálicos consistia na trefilação de tungstênio e molibdênio, produção de filamentos de alta e baixa tensão e fabricação de bases de alumínio e latão. As bases de latão eram submetidas a tratamento superficial (niquelagem).

A produção dos compostos químicos utilizados na fabricação de lâmpadas incluía o preparo de filme seco, flux, tintas para rotulagem, absorvedor (getter) e tinta para a rotulagem de lâmpadas fluorescentes. A tinta para rotulagem de lâmpadas fluorescentes é à base de chumbo. A fabricação de tintas para lâmpadas fluorescentes inclui o preparo de tintas monocapa e halo-fósforo e consistia basicamente em uma mistura de ingredientes por bateladas, incluindo óxido de alumínio, ácido bórico, hidróxido de amônio, nitrato de bário e aditivos. A fabricação de lâmpadas incluía a montagem de componentes, vedação, soldagem de condutores e da base, testes, embalagem e inspeção final. As lâmpadas fluorescentes recebiam um banho de filme seco.

Historicamente, a propriedade abrigou também outras divisões de negócios da GE: (i) fabricação e manutenção de transformadores elétricos ocorriam em edifícios localizados na porção nordeste do terreno, sendo que estas atividades associadas a transformadores foram gradualmente interrompidas há mais de 30 anos; (ii) fabricação de medidores foi desenvolvida após a interrupção das atividades de fabricação de transformadores. (iii) fabricação de painéis elétricos (executada no local por outra empresa da GE (MPE)); (iv) tratamento superficial de metais (operada também pela empresa MPE).

As principais matérias-primas empregadas na unidade incluem dolomita, feldspato, areia de quartzo, fios de cobre, molibdênio e tungstênio, chumbo, absorvedor, componentes metálicos prontos para utilização (bases, condutores), pó fluorescente e insumos como ácidos (sulfúrico e nítrico), nitrogênio, argônio, óleo diesel, resinas, estearato de amônio, hidróxido de sódio, GLP e outros.

A GE empregava  aproximadamente 980 pessoas trabalhando em 3 turnos, 24 h/dia, 7 dias/semana.

Localização:

A unidade da GE[i] fica localizada na Rua Miguel Ângelo, 37, bairro Maria da Graça, município do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro, Brasil. A unidade fica localizada aproximadamente 15 km a oeste do centro do Rio de Janeiro, em uma zona de uso misto, porém predominantemente residencial. A propriedade ocupa um único lote de terreno de formato irregular e aproximadamente retangular, com orientação nordeste – sudoeste e fica localizada no topo de uma colina suave, com declives voltados para nordeste e sudeste, na direção da Favela do Jacarezinho. A cerca de 50 metros de seu limite noroeste, a propriedade forma um declive voltado para noroeste, na direção do bairro Maria da Graça.

A aproximadamente 300 metros ao sul da unidade existe um rio canalizado que se conecta ao Rio Faria e posteriormente ao Canal do Cunha que deságua na Baía de Guanabara.

O terreno tem uma área total de 213.690 m2, dos quais 66.840 m2 correspondem à área construída. No passado, atividades de fabricação e manutenção de transformadores elétricos que utilizavam Ascarel (contaminante cancerígeno) eram realizadas na parte nordeste da propriedade.

Passivos deixados pela empresa:

O Solo e a água apresentam contaminantes de diversos tipos entre eles Níquel, Cromo, Chumbo, Mercúrio, PCB´s (ascarel), além de outros contaminantes que podem solubilizar ou evaporar e podem causar diversos prejuízos à saúde humana.

Além das contaminações no solo e água, diversos materiais que podem agravar ainda mais este enorme quadro de contaminação; encontram-se na área depositados de diversas formas regulares ou irregulares; materiais extremamente voláteis que ao contato com o oxigênio inflamam imediatamente; mais de 1.500 tambores com resíduos diversos; mais de 3.000 embalagens dispostas ao longo de toda estrutura industrial que ainda conta com equipamentos contaminados.

As próprias instalações e construções estão contaminadas acúmulos de água sem controle e ou tratamento.

Riscos Iminentes:

Como riscos eminentes, podemos relacionar:

• A contaminação já certa e não avaliada do subsolo e das águas subterrâneas da comunidade do entorno (principalmente próximo ao canal existente na parte mais baixa do terreno).
• A Ingestão de águas vindas de poços escavados pela vizinhança; o acesso ao material contaminado de forma direta ou indireta. Incêndio que venha a ocorrer na unidade seria mais um grave risco a se relacionar.
• Alta exposição da população ao risco de câncer e outras doenças
• A contaminação do corpo hídrico próximo (canal) é uma séria possibilidade.

[1]  De acordo com a Financial Times Global 500 de dezembro de 2010, é a décima terceira maior companhia do mundo, consulta: http://pt.wikipedia.org/wiki/General_Electric.