Municípios querem R$ 9,5 bi até 2014 para revitalização da Bacia do Rio São Francisco

Mais de 100 cidades mineiras já decretaram situação de emergência devido à falta de água neste ano

Guilherme Paranaiba

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), que inclui seis estados e o Distrito Federal, se reuniu ontem em Belo Horizonte para debater a gravidade da seca em 106 municípios mineiros em situação de emergência. O objetivo é aplicar os R$ 20 milhões arrecadados anualmente pela cobrança do uso das águas do rio em projetos de recuperação hidroambiental da bacia. Até 2014, o comitê espera alocar R$ 9,5 bilhões, a partir de convênios com o governo federal, em três eixos: água para todos, saneamento e recuperação, principalmente de nascentes, ao longo de todo o curso do rio.

“Estamos fazendo essas reuniões em todos os estados para ver a demanda dos tributários do São Francisco, tão importantes para manter o volume de água da bacia. A expectativa é criar 100 projetos que vão custar R$ 500 milhões. Minas é muito importante porque 70% das águas da bacia são produzidas no estado, o que siginfica que se a água diminuir aqui, vai prejudicar todo o restante”, afirma o presidente do comitê, Geraldo José dos Santos.

O Velho Chico é dividido em quatro regiões, sendo que o Alto São Francisco compreende todo o estado mineiro, indo desde a nascente até a divisa com a Bahia. A representante dessa subdivisão, Delvane Maria Fernandes, diz que a situação em Minas é muito crítica. “Temos total falta de água nos tributários, principalmente por conta da seca e de atividades que degradam o meio ambiente, como desmatamento para pecuária e plantio de eucaliptos. Precisamos de atitudes emergenciais, mas também é importante discutir a gestão dos recursos hídricos de forma preventiva, para evitar que a situação fique ainda pior”, afirmou Delvane. Oito projetos para recuperação e proteção de nascentes em território mineiro já estão prontos, sendo que dois já foram licitados e seis aguardam licitação.

Um dos participantes da reunião, José Machado, assessor especial do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, prometeu levar as demandas ao chefe da pasta federal. “Vamos apresentar um diagnóstico para sensibilizar o ministério, mas também é importante outros órgãos se mobilizarem, pois o recurso não é previsto apenas pela pasta da Integração Nacional”, diz Machado. Ainda segundo ele, é necessário aumentar a articulação dos órgãos que liberam os recursos e acabar com o excesso de burocracia. “Temos que trabalhar para transformar a pauta em uma agenda efetiva”, completa o assessor.

Média histórica

Em maio, uma equipe do Estado de Minas percorreu municípios mais castigados, onde o volume de chuvas de outubro/2011 a março/2012 foi de pouco mais de 400 milímetros, metade da média histórica (800 a 900 milímetros). Só choveu mesmo até o início de janeiro. Tão pouco que muitos rios e córregos nem chegaram a correr. Em Montes Claros, houve danos no asfalto, mas, no extremo norte, área mais afetada, a chuva não alterou o cenário de desolação. Por isso, além da aridez já instalada, o que mais apavora os sertanejos é saber que chuvas “de verdade” só devem voltar à região em outubro ou novembro, como estimam meteorologistas.

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/06/15/interna_gerais,300247/municipios-querem-r-9-5-bi-ate-2014-para-revitalizacao-da-bacia-do-rio-sao-francisco.shtml

Enviada por José Carlos.

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