Caso Nisio Gomes: PF cumpre mandados contra acusados pelo assassinato de líder indigena

Polícia Federal, delegacia de Ponta Porã, deflagrou operação na manhã desta sexta-feira (15) para cumprir mandados de prisão preventiva contra pessoas acusadas de envolvimento com o sumiço do guarani-kaiowá, Nísio Gomes, líder do Acampamento Guayviry, de Aral Moreira. O caso aconteceu no final do ano passado. Pelo menos nove pessoas estão presas ou detidas na delegacia da PF em Dourados.

Segundo o advogado Maurício Rasslam, que representa uma empresa de segurança de Dourados, apenas um funcionário foi detido à época para averiguação. Rasslam, no entanto, nega que qualquer envolvimento da empresa que, segundo ele, não fazia nenhum serviço de segurança naquela região, especificamente naquela fazenda [onde está o acampamento indígena.

Rasslam, inclusive, disse que não há indício de morte do líder indígena e que logo após o caso, houve um saque no benefício de Nísio, em Brasília. “A conclusão é que não houve uso de arma letal, que não indício que o índio tenha falecido. Outra coisa que a Polícia Federal afirma, categoricamente, é que o filho do índio mentiu. Inclusive, ele foi indiciado pela falsa declaração que ele fez. Pelo levantamento pericial, inclusive exame de DNA, não há qualquer indício de morte neste caso. Inclusive houve um saque, feito em Brasília, com o cartão e a senha dele [Nísio], alguns dias após o desaparecimento do índio”, diz Rasslam.O caso do cacique desaparecido ganhou força a partir do atentado contra o empresário Aurelino Arce, de 47 anos, dono da empresa de segurança em Dourados. A namorada foi ouvida pelo menos três vezes pela Polícia Federal. A partir do depoimento dela, as investigações foram intensificadas e acabou com a operação deflagrada na manhã de hoje.

RETROSPECTIVA

Segundo o delegado federal de Ponta Porã, Jorge Figueiredo, em recente entrevista à Agência Brasil, o paradeiro de Nísio – ou de seu corpo, caso o assassinato se confirme – ainda é um mistério. “Não podemos falar muito, mas, em dezembro, quando apresentamos nossas conclusões preliminares sobre o inquérito, o Ministério Público Federal pediu-nos que fizéssemos novas diligências, principalmente para tentarmos localizar o corpo, que ainda não foi encontrado”.

Segundo Figueiredo, a demora para localizar Nísio ou seu corpo se deve às características do crime. O cacique está desaparecido desde o dia 18 de novembro, quando cerca de 40 pistoleiros encapuzados e armados invadiram o acampamento indígena, atirando e agredindo adultos e crianças. De acordo com os índios, entre eles o próprio filho do cacique, Valmir Gomes, Nísio teria sido atingido por disparos e seu corpo levado, ensanguentado, pelos pistoleiros.

“Houve, de fato, um ataque [ao acampamento]. Isso já foi comprovado e algumas pessoas identificadas”, garantiu o delegado, lembrando que três pessoas foram presas no início de dezembro, suspeitas de participar do atentado, mas libertadas em seguida.

Durante as investigações, os agentes federais reuniram indícios de que quatro fazendeiros e um advogado haviam contratado pessoas ligadas a uma empresa de segurança de Dourados para que retirassem os indígenas da Fazenda Nova Aurora, que fica em uma área anteriormente reconhecida como sendo indígena. Além dos supostos mandantes, dois administradores e três funcionários da empresa de segurança foram indiciados.

Ainda assim, em nota, a PF informou que a pequena quantidade de sangue encontrada no local onde Nísio supostamente teria caído, baleado, indicava que, possivelmente, seu ferimento não teria sido grave o bastante para causar sua morte. Já o laudo da perícia criminal apontou que o rastro de sangue, que os índios afirmavam ter saído do corpo de Nísio quando foi carregado até uma caminhonete, não pertencia ao líder indígena.

“Ficou impossibilitado de inferir sobre suposto homicídio do indígena […] A conclusão a que chegou a Perícia Criminal, de que o ferimento de Nísio não foi suficiente para causar morte […] joga por terra a versão apresentada pelo seu filho [Valmir], que afirma que Nísio foi morto e seu corpo carregado pelos agressores em uma camioneta. Derruba também a teoria do sequestro o fato das marcas de sangue que iam em direção à camioneta”, diz a nota da PF, em que se afirma também que “os indígenas tinham conhecimento antecipado da investida e ficaram aguardando, todos pintados e também com armas (espingardas, machados e facas)”.

Valmir, o filho de Nísio, foi indiciado por denúncia caluniosa, por, segundo a PF, ter acusado de integrar o grupo que atacou a aldeia, pessoas que ele sabia não pertencer ao grupo.

http://www.midiamax.com/noticias/802697-pf+cumpre+mandados+contra+acusados+sumico+lider+indigena.html

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