No Peru, greve geral contra o projeto de mineração Conga

13 províncias de Cajamarca e outras seis espalhadas pelo país iniciaram uma greve geral nessa manhã por tempo indeterminado contra o megaprojeto de mineração

 

Márcio Zonta, de Cajamarca (Peru)

O Peru amanheceu novamente convulsionado com manifestações contra a mineração. Desta vez, os protestos partem da região norte, no departamento de Cajamarca, onde grande parte da população das 13 províncias faz uma greve geral indefinida até que o presidente Ollanta Humala declare inviável o projeto Conga – objetivado pela mineradora estadunidense Yanacocha.

Todas as estradas que dão acesso às cidades do departamento de Cajamarca estão bloqueadas. A Praça de Armas da província de Cajamarca está tomada pela população. Também há concentração de manifestantes nas lagoas ameaçadas pelo projeto, entre as províncias de Celendin e Bambamarca. Um numeroso grupo de manifestantes também ocupa aas imediações das instalações do maquinário da mineira Yanacocha.

“O povo está mobilizado pacificamente por diversos pontos do departamento de Cajamarca e assim ficaremos até que Humala diga não a esse projeto, assim como foi a sua promessa de governo”, diz Ydelso Hernándes Llamo, um dos dirigentes do Comando Unitário de Luta da Região de Cajamarca.

A iminência de conflito não é descartada, pois mais 7 mil homens da Polícia Nacional e do Exército peruano foram enviadaa na semana passada à região.

“Ollanta não nos intimidará com a militarização de Cajamarca, e não cairemos em provocações banais, estamos preparados”, afirma Edy Benavides, também dirigente Comando Unitário de Luta da Região de Cajamarca.

O ministro da Justiça, Juan Jiménez Mayor, pediu calma as autoridades peruanas. “Vamos manter o diálogo com a população para que não tenhamos novos incidentes.”

Outras províncias aderiram à greve geral: Cusco, Puno, Madre de Dios, Arequipa, Apurimac e Libertad.

No Congresso

Os congressistas peruanos manifestaram opiniões divergentes. “Querem manchar o projeto Conga para impedir que não se desenvolva, é lamentável”, opinou o congressista Javier Velásquez.

Já Jorge Antonio Rimarachín Rivera, que de acordo com revelação do jornal peruano “La Republica” foi expulso no início do ano do Partido Nacionalista por discordar do primeiro ministro peruano Oscar Valdés sobre o tema Conga, acusa as empresas mineradoras de influenciar nas decisões no Congresso.

“Oxalá o poder das mineradoras não esteja metendo a mão dentro dos partidos e consequentemente na deliberação dos congressistas, pois apoiar Conga é ser a favor de um genocídio da natureza e de pessoas.”

Já outro congressista, Victor García Belaunde, chamou de chantagistas os manifestantes. “O governo nacional representa mais de 30 milhões de pessoas que seriam beneficiadas com a mineração e não pode se render a uma parte do país”, salientou.

O presidente Humala, por sua vez, apenas ressaltou o que já vem falando durante o ano. “O projeto pode ser implantado desde que a empresa Yanacoha ceda e acate as exigências e propostas do governo diante dos estudos realizados.”

Entretanto, para Gregório Santos, governador regional de Cajamarca, não há mais diálogo. “Não adianta mais apresentar laudos que serão como tantos outros que já fizeram para nos convencer. O que queremos é que o presidente Humala escute a população de Cajamarca, pergunte o que ela pensa sobre o projeto”, concluiu.

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