Peru lembra 20 anos do golpe de Fujimori

Marcio Zonta, correspondente em Lima (Peru)

Ontem, 5 de abril, completaram-se 20 anos do golpe de Estado imposto por Alberto Fujimori, no Peru. Manifestações na Praça San Martin, no centro de Lima, relembraram os oito anos de duração da imposição política que destituiu o poder judicial, o Congresso da República e as garantias constitucionais com intervenção no Ministério Público e Conselho Nacional de Magistratura.

Para o jornalista Gustavo Goriti, sequestrado na ditadura Fujimori, “o golpe foi um assassinato à democracia, submetendo todos os peruanos a uma situação horrível que deixa marcas até hoje”.

Com instituições públicas debilitadas e uma política econômica orientada por pequenos grupos e cujas violações aos direitos humanos se tornaram uma regra, o jornalista assinala que o regime deixou como herança “uma política econômica com uma forte concentração de riqueza, uma corrupção generalizada, um regime político baseado no clientelismo e o envenenamento dos princípios do país”.

Com os dizeres: “Fujiratos nunca mais”, os manifestantes da Praça San Martin, na maioria jovens, lançaram uma campanha contra a volta da família Fujimori ao poder – com cartazes e fotos de sua filha, Keika Fujimori, que ficou na segunda colocação na ultima eleição presidencial.

Regalias no cárcere

Condenado a 25 anos de prisão por delitos de corrupção e atividade políticas de lesa humanidade, Fujimori vive recluso numa cela exclusiva na sede de Operação Especiais da Polícia Peruana.

Parlamentares e ativistas de direitos humanos denunciam que o ex-ditador tem diversas regalias e deveria ser transferido para outro centro penitenciário. “Todos os presos do país tem que ter um tratamento igualitário, por isso, a situação de Fujimori tem que ser revisada pelo Instituto Nacional Penitenciário (Inpe)”, reclama o congressita Diez Canseco, do Partido Nacionalista Peruano.

Canseco denuncia ainda que “temos relatos de pessoas que não querem se identificar, de bandas musicais, que ingressam para festas noturnas com participação de muitas pessoas de fora sem horário para sair”.

Segundo ele, outro agravante ocorreu no cárcere de Fujimori. “A campanha presidencial de Keiko Fujimori foi manejada muitas vezes de dentro da prisão, com reuniões e organização de material político”.

Para a advogada Gloria Cano, da Associação pelos Direitos Humanos e secretária-executiva da Coordenação Nacional dos Direitos Humanos, “não tem por que existir essa situação de privilégio com conivência da Inpe, pois Fujimori cometeu diversos crimes e todos somos iguais perante a lei”.

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