Áreas que eram improdutivas em Abreu e Lima, em Pernambuco, já não são mais graças à intervenção dos agricultores da região junto ao Centro Sabiá. Alguns técnicos de universidades resolveram trabalhar alternativas de cultivo a partir do conhecimento nativo dos moradores da região
O resultado é que hoje a produção está diversificada, as florestas regeneradas e os trabalhadores gerando renda e vivendo do seu próprio esforço e conhecimento.
“Fruto da participação da universidade nos movimentos pensando num modelo de agricultura diferente do empresarial e patronal, que trabalha a dimensão da monocultura com o uso de agrotóxicos”, contextualizou José Aldo dos Santos, ex-coordenador do Centro Sabiá e atual secretário executivo da Agricultura Familiar de Pernambuco.
O Centro Sabiá foi constituído em julho de 1993 para estabelecer uma relação mais íntima com a natureza. Promove processos de planejamento junto com os agricultores, de modo a trabalhar o alimento desde a utilização de sementes crioulas até a venda final do produto. Tudo é realizado com forte intercâmbio de conhecimento dos atores envolvidos. Os sistemas agroflorestais começaram a ser utilizados a partir de um seminário realizado na Bahia, quando conheceram uma experiência naquela região e passaram a trabalhar os seus princípios em Pernambuco.
“Surgiu com a necessidade que a gente tinha para se unir e fazer nosso trabalho. Fizemos mutirões para implantar a agrofloresta na região”, diz Amasias da Silva, agricultor.
A propriedade de Jones Severino serviu de laboratório para o desenvolvimento dos sistemas agroflorestais. Erros e conquistas serviram de base para o aperfeiçoamento dos métodos, que promovem a aproximação com a natureza. Dessa forma, a Mata Atlântica é preservada de forma produtiva na região.
“É sempre uma coisa ligando outra. Eu agredia a terra, e hoje no meu sistema considero ela um ser vivo. Considero mais importante que minha própria vida, porque dependemos do seu bom funcionamento”, afirmou Jones Severino.
Por conta desses mutirões e novos sistemas não ocorrem mais queimadas e a terra está mais fértil, trazendo alimentação para a população local e renda através da comercialização desse excedente. Antes havia monocultivos de macaxeira e inhame, por exemplo,e hoje é incontável a diversificação da produção.
“A gente trabalha com a qualidade, não temos o atravessador e vendemos o produto diretamente ao consumidor”, destacou uma agricultora da região. E uma consumidora atesta essa afirmação: “O mais importante de comprar orgânico é a qualidade do produto, e a questão sócio cultural porque a gente sabe que vem direto do produtor”.
De acordo com o idealizador do Centro Sabiá, o sonho é acabar com a miséria no campo para no futuro as pessoas não precisarem abandonar a vida rural por falta de oportunidade.
http://www.agroecologia.org.br/noticias/trabalho-de-agroecologia-no-centro-sabia-em-pernambuco
Enviada por Denis Monteiro.