Quem matou o Tapajós? Testemunho de Dona Laosminda, moradora de Mangabal (Pará, Brazil)

Nas beiras do Alto Rio Tapajós (Pará, Brasil), está tendo lugar um dos muitos confrontos entre duas visões do mundo completamente opostas: de um lado uma economia local de subsistência, sustentável e desenvolvida ao longo de centenas de anos pelos habitantes dessas terras e do outro uma economia global ávida de matérias-primas baratas.

Nos últimos 100 anos, as comunidades do Tapajós tiveram que lidar com diferentes graus de espoliação. Agora, a mais dos grandes danos causados por sucessivas “febres” de borracha, ouro, madeira ou agronegòcio, um grande complexo hidrelétrico ameaça afogar o Tapajós e arruinar tudo o que significa o grande rio.

O “Complexo Hidrelétrico do Tapajós” é um megaprojeto do governo que inclui a construção de cinco barragens, sendo duas no rio Tapajós e três em um de seus afluentes, o rio Jamanxim. O objetivo é gerar cerca de 15.000 MW de potência, para o que inundaram aproximadamente 3.000 km2 e prevê-se um investimento de 21.000 milhões de dólares. O complexo causaria grandes inundações em áreas naturais protegidas e habitadas, pra transformar 132 km do majestoso rio Tapajós em um sistema de grandes lagoas. O impacto social e ambiental seria enorme, mas não parece ser um obstáculo para os planos de desenvolvimento do Governo do Brasil e seus parceiros, que utilizam argumentos técnicos e macroeconômicos.

A história do Rio Tapajós reflete a constante luta do homem consigo mesmo e com a natureza. É uma expressão de um desenvolvimento insustentável, mas apresentado como imparável. A luta dessas comunidades para manter seu estilo de vida e as suas terras, é a melhor garantia da preservação de um tesouro natural e um símbolo da luta constante para manter o planeta vivo.

Quão longe poderam resistir? É hora de escutar.

http://mundodoc.com/mortedotapajos/testemunhos.html

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