NOTA SOBRE O ATO DOS JURISTAS EM DEFESA DAS FAMÍLIAS DO PINHEIRINHO
O Ato será transmitido pela Rede Vida, dia 04/03 , às 19h30.
No dia 16 de fevereiro, mais de 300 pessoas participaram do Ato organizado pela Comissão de Direitos Humanos do Sindicato dos Advogados de São Paulo realizado na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, que se fizeram presentes para manifestar apoio às famílias do Pinherinho.
O salão foi pequeno para abrigar as advogadas, advogados, defensores públicos, procuradores, juízes, estudantes de direito e representantes de entidades dos mais diversos setores sindicais e populares, indignados diante da violência perpetrada e ilegalidades cometidas na reintegração de posse da comunidade Pinheirinho ocorrida no dia 22 de janeiro.
O SASP convidou diversos juristas que partilham do entendimento de que em nome da lei foram cometidas uma das maiores agressões aos Direitos Humanos em nosso país, e que o Estado deve ser responsabilizado por tais atrocidades.
As advogadas e advogados de São Paulo não poderiam deixar de se manifestar diante dos argumentos que tentam legitimar tal violência, por meio da alegação de que se trata de estrito cumprimento de determinação judicial, o que vem se provando ser uma falácia.
Compuseram a mesa o Dr. Carlos Duarte (Presidente do Sindicato dos Advogados de São Paulo), Fabio Konder Comparato (Professor da Faculdade de Direito da USP), Serginho (representante dos moradores do Pinheirinho), Aristeu César Pinto Neto (então membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB Subseção São José dos Campos), Antonio Donizete Ferreira (Advogado dos moradores do Pinheirinho), Douglas Magami (Núcleo de habitação da Defensoria Pública/SP), Marcio Sotelo Felippe (Procurador do Estado/SP), Jayme Asfora (Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB Federal) e Jorge Luiz Souto Maior (Juiz de Direito e Professor da Faculdade de Direito da USP e membro da Associação dos Juízes pela Democracia), defenderam a necessidade de se reconhecer a arbitrariedade, ilegalidade, injustiça social e desrespeito à dignidade humana cometidas, configurando crime contra a humanidade.
A maioria das advogadas e advogados de São Paulo manifestaram preocupação diante da condução claramente ilegal do ato de desapropriação, já que há peticionamento no processo da parte interessada desistindo do pedido reintegração, que também havia menos de 24 horas antes do inicio da operação militar acordo judicial firmado no Tribunal de São Paulo de suspensão por 15 dias do despacho da juíza de primeira instância e ainda havia decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região no mesmo sentido.
Desta forma os juristas paulistas entendem como uma violação ao Estado Democrático de Direito, onde o Estado de São Paulo através de uma ação militar só vista na ditadura militar, e de uma sucessão de ilegalidades cometidas pelo Poder Judiciário Paulista impôs o vale tudo desrespeitando o devido processo legal.
Por este motivo o Procurador Marcio Sotelo Felippe configurou a violência praticada contra a população do Pinheirinho como crime leza humanidade, devendo ser levado ao Tribunal Penal Internacional, os crimes praticados para serem apurados e os culpados penalizados.
Destaque importante foi a presença do Dr. Fabio Konder Comparato, que deu inicio as falas, e a presença do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro que enviou um representante o Dr. Anderson Bussinger Carvalho para prestar solidariedade as famílias do Pinherinho e somando a posição dos juristas paulistas através de carta enviada pelo Presidente da entidade, contra um Poder Judiciário que privilegie grupos econômicos em detrimento das classes pobres, ferindo princípios e direitos humanos.
Diversas entidades prestaram apoio à atividade e trouxeram relatos de outras violações de direitos que veem ocorrendo no Estado de São Paulo, como as operações contra os dependentes químicos no centro da cidade, diversas desocupações realizadas sem observação dos direitos que deveriam ser assegurados às famílias, violência contra moradores de rua e jovens negros nas periferias, incêndios criminosos de favelas para facilitar despejos, etc.
Ao final do ato foi proposta uma moção de repúdio ao encerramento unilateral das atividades da Comissão de Direitos Humanos da OAB São José dos Campos, promovido pelo presidente da referida sub-seção, bem como o afastamento de Aristeu César Pinto Neto da mesma, na tentativa não se sabe por quem de intimidar o nobre advogado pela sua atuação na defesa das crianças, mulheres, homes e idosos que foram covardemente atacados; centenas de pessoas foram atingidas por bombas de gás, balas de borracha e de fogo, sem falar nos diversos espancamentos. Da truculência da ação militar destaca-se uma 1 vítima fatal, 1 em estado gravíssimo e em coma por ter sofrido traumatismo craniano devido ao espancamento, 1 pessoa atingida por arma de fogo esta na cadeira de rodas e 2 mulheres vitimas de abuso sexual.
Convidamos todas e todos para a próxima reunião da Comissão que ocorrerá no dia 29 de fevereiro, às 19:00 horas, no Sindicato dos Advogados de SP (Rua da Abolição, 167 – Bela Vista).
Entidades Presentes
ABEEF; ACAT – Brasil Com. Teotônio Vilela; ADMDS; ANEL; Assembléia Popular; Assembléia Popular/Osasco; Assistência Judiciária “22 de Agosto” PUC/SP; CA XI de agosto; CDH /SASP – Comissão de Direitos Humanos do Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo; CEDISP; Centro de Defesa dos Direitos Humanos Região Oeste; Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos; CMP – Central de Movimentos Populares; Coletivo Avante; Coletivo Dandara; Comissão de Bairro Jd. Paraná; Comissão Justiça e Paz; Comissão Paulista pela Memória e Justiça; Comitê Contra o Genocídio da População Negra; Consulta Popular; CPT – Comissão Pastoral da Terra; CSP – Conlutas; CTV; Defensoria Pública/SP; DPE – NHABURB; Escritório Modelo “Dom Paulo Evaristo Arns” PUC/SP; Executiva FEDDCA; FD USP; FDUSP; FENAMETRO; FLM – Frente de Luta por Moradia; Fórum das Promotoras Legais e Populares; Fórum DCA; Fórum de Esquerda – USP; GADV´s – Grupo de Advogados da Diversidade Sexual; Grupo Tortura Nunca Mais/SP; GTWM/SP; Instituto Pólis; Instituto Terras; Intersindical; ITFS; Jornal “A Verdade”; Jornal “O São Paulo”; LC; Liga brasileira de lésbicas; MCC; MMC – Movimento de Moradia do Centro; MMM – Marcha Mundial de Mulheres; MST – Movimento Sem-Terra; MUST – Pinheirinho; Núcleo de Consciência Negra – USP; Núcleo Plano Diretor Participativo Vale do Paraíba; OAB Federal; Oposição Alternativa – APEOESP; Oposição Sind. dos Jornalistas “Sindicato é para lutar”; Pastoral Afro-brasileira; PCdoB; PCR; PO Metropolitana – Pastoral Operária; PSOL; PSOL/SJC; PSTU; PT; PT – Setorial Jurídico; PT /SJC; Rádio Brasil Atual; Rede Social de Direitos Humanos; SAJU – USP; Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro; Sindicato dos Jornalistas; Sindicato dos Metroviários de São Paulo; Sindicato dos Trabalhadores em Editoras de Livros; SINDSEF; Sintaema; Sintrajud – Sindicato dos trabalhadores no judiciário federal; Sintusp; SME; SOF – Sempre Viva Organização Feminista; Transparência Hacker; União de Mulheres; Via Campesina.
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