Força Nacional vai proteger acampamento indígena em MS

Equipes da Força Nacional vão permanecer na área do acampamento Guaviry, em Amambaí, Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai, para dar proteção aos guarani-caiuá que ocupam a área há quase um mês. É o que ficou acertado ONTEM, depois que o secretário-executivo da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Ramais de Castro Silveira, visitou a região onde na última sexta-feira pistoleiros teriam atirado no cacique Nísio Gomes e sequestrado dois adolescentes de 12 anos e uma criança de cinco. O cacique continua desaparecido e o filho dele, Valmir Cabreira, que presenciou a ação dos jagunços, afirma que o pai foi morto com tiros na cabeça, pescoço, peito, braço e perna. O corpo de Cabreira teria sido levado pelos pistoleiros.

A Polícia Federal (PF) afirma que as investigações apontam que apenas sete pistoleiros atacaram a barraca onde estava Nísio e os dois filhos, Valmir e um adolescente que ficou ferido na barriga. Segundo a PF, os criminosos usaram balas de borracha calibre 12. Cabreira disse que o grupo de homens armados era maior, de aproximadamente 40 pessoas, que chegaram em várias caminhonetes e mandaram todos se deitarem no chão, antes de iniciarem o tiroteio contra os indígenas. No acampamento, no dia do ataque, estavam cerca de 60 guarani-caiuá, mas dispersos em barracas montadas no meio da mata. Hoje, o grupo chega a 150, com a chegada de indígenas de outras aldeias, que aguardam a localização do corpo de Nísio Gomes, para que ele seja enterrado com o ritual tradicional.

A Polícia Federal mantém as investigações sobre sigilo, mas informou que várias pessoas já foram ouvidas, tanto índios como brancos. Os dois filhos do cacique estão sob proteção da Polícia. Ramais de Castro Silveira e a comitiva da Secretaria permaneceram o dia todo no Estado e retornaram a Brasília no início da noite. Ele disse aos representantes da Funai, que na sexta-feira haverá uma reunião em Brasília para discutir a situação do acampamento Guaviry. Vários órgãos federais vão participar da reunião.

Nesta quarta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) divulgou material informando que no mês passado o procurador da República em Ponta Porã, Thiago dos Santos Luz, denunciou à Justiça seis pessoas, entre elas políticos, fazendeiro e comerciante, no assassinato dos indígenas Jenivado e Rolindo Vera. Os irmãos eram professores e desapareceram depois que o acampamento em que estavam, o Ypo’i, em Paranhos (MS), na fronteira com o Paraguai, foi atacado por pistoleiros. A ação foi no dia 30 de outubro de 2009 e o corpo de Jenivaldo foi encontrado uma semana depois boiando em um riacho. O corpo de Rolindo Vera até hoje não foi encontrado.

No material divulgado pelo MPF, o procurador diz não concordar com o inquérito da Polícia Federal, que decidiu pelo arquivamento do caso, mesmo diante dos depoimentos de pelo menos seis índios que estavam no acampamento, que apontavam os seis agora denunciados, como envolvidos no ataque aos índios e assassinato dos irmãos Vera. “Quantos testemunhos mais seriam necessários?”, questiona o procurador.

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