Afro XXI vai aprofundar debate iniciado na conferência de Durban

Salvador será palco do maior encontro internacional da luta antirracista entre os dias 16 e 19 de novembro. Este evento acontece após dez anos da III Conferência da ONU contra o Racismo, a Xenofobia e a Intolerância Correlata, que aconteceu em Durban, em setembro de 2001. Em Salvador, a sociedade global poderá acompanhar os principais debates sobre o racismo na contemporaneidade e espera-se que construam-se novos avanços para este tema com reflexos em todas as nações envolvidas.

Durante a Conferência de Durban, os EUA e Israel se retiraram dos debates antes do fim do encontro. Entretanto, pontos positivos são visíveis aos olhos de quem aposta no debate internacional como forma de avançar na luta antirracista. No Brasil, por exemplo, ações governamentais deram forte impulso ao debate na sociedade acerca das formas de enfrentamento do racismo e implantaram ações efetivas no campo da reparação.

A Carta de Durban, documento final da conferência, atesta que, “a despeito dos esforços da comunidade internacional, os principais objetivos das três décadas de combate ao racismo e à discriminação racial não foram alcançados e que um número incontável de seres humanos continua, até o presente momento, a ser vítima de várias formas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata”. A partir dessa constatação, entende-se por que ainda é necessário realizar-se um encontro como esse em que discute-se o combate à afirmação de uns sobre os outros com falsos argumentos.

O tema continua vivo hoje. É por isso que Salvador, cidade mais negra fora da África, sedia entre os dias 16 e 19 de novembro o Afro XXI – Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes. Esta é uma iniciativa em parceria entre o governo brasileiro – através da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir/PR) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE) –, o Governo do Estado da Bahia – através das secretarias de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), de Cultura (Secult), e das Relações Internacionais e da Agenda Bahia (Serinter) – e a Secretaria Geral Ibero-americana (Segib).

“É possível dizer, sem erro, que nenhuma conferência desse tipo efetivamente acaba”, afirmou o diplomata brasileiro J.A. Lindgren Alves. Em texto publicado na Revista Brasileira de Política Internacional, ele apresenta a complexidade do assunto e não propõe rápidas soluções. O tema do combate ao racismo continua latente. Este é o momento mais emblemático de exposição atual e internacional da luta antirracista, a partir do olhar de muitos daqueles que o vivenciam na prática até hoje.

Apesar de alguns entenderem que se vive, no Brasil, uma verdadeira harmonia entre etnias, raças e cores, outros enxergam o recrudescimento do racismo, da intolerância religiosa, dentre outras questões latentes e, às vezes, escamoteadas. A proposta do Afro XXI é trazer à baila discussões estratégicas na construção de um contexto em que o respeito à diversidade e a afirmação do ser humano como um ser dotado de direitos – independentemente de sua identidade étnica, religiosa ou territorial – sejam realidades cotidianas e não letra morta.

http://www.funag.gov.br/afro21/

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