Cimi lança relatório específico sobre as violências contra os povos indígenas em Mato Grosso do Sul segunda, dia 31

Barraca de lona e pertences pessoais queimadas - foto: MPF/MS

Num período de oito anos, ao menos 250 indígenas foram assassinados somente no estado.

Produzido e publicado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o relatório analisa dados de violência coletados nos últimos oito anos. Através de artigos especializados, aprofunda as causas, consequências e caminhos para uma das realidades indígenas mais violentas do mundo – conforme palavras da vice-procuradora geral da República, Deborah Duprat, em artigo reproduzido.

Marcado por uma história de espoliação das terras indígenas, o estado concentra a maior quantidade de acampamentos indígenas do País, 31 quando há dois anos eram 22. São mais de 1200 famílias vivendo em condições subumanas à beira de rodovias ou sitiados em fazendas.

Atualmente, 98% da população originária do estado vivem efetivamente em menos de 75 mil hectares, ou seja, 0,2% do território estadual. Em dados comparativos, cerca de 70 mil cabeças de gado, das mais de 22,3 milhões que o estado possui, ocupam área equivalente as que estão efetivamente na posse dos indígenas hoje.

Cartucha deixada no chão, de tipo Balas de borracha, munição usada normalmente por forças policiais – Foto: MPF/MS

Em oito anos de governo Lula, as promessas de solucionar os problemas territoriais dos povos indígenas no MS não passaram de mero formalismo.

Neste período, o estado concentrou 55,5% dos casos de assassinatos de indígenas no País. Em 2008, foram 70%; em 2010, 57% e nos primeiros nove meses deste ano, 27 indígenas foram assassinados dos 38 ocorridos no País, ou seja, 71%.

Os números das violências continuam expondo uma realidade de guerra, desesperança e morte. Neste período foram registrados pelo Cimi e veículos de comunicação, cerca de 190 tentativas de assassinatos; 176 suicídios; 49 atropelamentos e mais de 70 conflitos relativos a direitos territoriais.

A publicação analisa ainda a situação dos trabalhadores indígenas no corte da cana de açúcar, realidade que desde 2004 teve mais de 2600 indígenas e não indígenas libertados de trabalhos análogos à escravidão. Tal realidade configura-se como uma das principais violações de Direitos Humanos do país.

Por fim, o Relatório aprofunda as formas de resistência destes povos, frente este processo de extermínio. Trazem suas grandes assembleias, organização social, religiosidade e documentos como forma de denunciar esta realidade e de continuar anunciando a esperança e coragem que os motiva a lutar por seus direitos Constitucionais.

O Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul, será lançado nesta segunda-feira (31), às 14h30, na Cúria Metropolitana de Campo Grande, com a participação do arcebispo de Mato Grosso Sul, Dom Dimas Lara Barbosa.

Serviço:

O quê? Lançamento do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas do Mato Grosso do Sul, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Quando? Segunda-feira, dia 31 de outubro, às 14h30.

Onde? Na Cúria Metropolitana de Campo Grande – Rua Amando de Oliveira, 448 – Bairro Amambaí – Campo Grande (MS).

Outras informações – Flávio V. Machado, coordenador do Cimi Regional Mato Grosso do Sul:  (67) 3384-5551; Assessoria de Imprensa – Cimi Secretariado Nacional / Brasília (DF): (61) 2106-1650 ou Renato Santana: (61) 9979-6912.

http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=5906&action=read

 

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