Morador de Pinheiros, esperançoso com a reportagem da revista da editora abril, lança a seguinte pérola: “A imprensa é fascista, menos a Veja, ela vai ficar do nosso lado.”
Alguns representantes dos moradores e comerciantes de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, que protocolaram uma representação ao Ministério Público para evitar que um albergue fosse transferido para a sua região, se reuniram anteontem (19) com o advogado Luiz Carlos Tucho, que os representa. Após o encontro, a comissão decidiu aguardar o posicionamento da reportagem da revista Veja, que deve ser publicada no próximo fim de semana, para então decidir sobre a continuidade ou não da demanda diante do Ministério Público Estadual (MPE).
Mesmo antes da matéria da edição impressa, o colunista da revista, Reinaldo Azevedo, saiu em defesa dos moradores em seu blogue, adiantando o que pode ser um posicionamento da revista. Em um trecho de seu texto, o colunista compara os albergues a instituições prisionais, que abrigam criminosos. “Bairros costumam rejeitar albergues; cidades costumam reagir mal a presídios ou a casas que abrigam menores infratores. Será que isso tudo é só preconceito? Não haveria aí a expressão de um problema real, que afeta mesmo a vida das pessoas?”.
Azevedo segue em sua argumentação com estereótipos de usuários de albergues, o que justificaria a preocupação com violência, explicitada na representação. “O promotor pode pesquisar um pouco e vai constatar que muitos, talvez a maioria, têm problemas psíquicos graves — é a comunidade mais atingida pelo crack. Isso tudo implica, obviamente, distúrbios e ameaça à segurança”.
Carta gera incômodo entre signatários
“Quando passaram o documento pedindo assinatura, não tinha aquela carta, era outra coisa, depois que eu vi o conteúdo na internet”. A alegação é de Roseli Bauduíno, comerciante da região próxima ao local para onde o albergue pode ser transferido. A proprietária da loja concorda com a causa, de que o abrigo não deve ir para perto de seu estabelecimento, porém discorda do teor da carta. “Ninguém é idiota de achar que isso é uma coisa boa para a região, mas a carta ficou muito forte, agora estão todos contra nós por causa do documento”.
Ainda na rua Cardeal Arcoverde, outro comerciante, Jason Franco, teve o mesmo problema. “Quando recebi o documento não tinha a carta, aliás, ainda não vi, trabalho muito aqui, não tive nem tempo de entrar na internet para ver”.
Somente na segunda (24), o advogado Luiz Carlos Tucho ou algum representante da comissão que encaminhou a petição deve se pronunciar. A reportagem de Fórum encaminhou no último dia 19 um e-mail com cinco perguntas para a comerciante Joacy, porém, até o fechamento da matéria não obteve retorno. (Igor Carvalho, Revista Forum).
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2011/10/higienizados-esperam-ajuda-da-veja-para.html.