Obras da Fiol avançam: Sobram problemas e o povo sofre

Por CPT Sul/Sudoeste

“Eles nunca disseram que seria assim”.  Palavras do senhor Antônio da Comunidade de Serragem no Município de Caetité – Bahia. Triste e decepcionado com o grau de destruição que as obras da Ferrovia da Integração Oeste Leste (FIOL) já provocaram em sua propriedade e em tudo que durante anos ele preservou. “Já andei muito por São Paulo e outros estados do Brasil, já enfrentei muitos problemas nessa vida, mas nenhum com tanta violência e brutalidade assim como esse projeto. Sempre honrei com meus compromissos, comprei essa terra, pago impostos para ver tudo ser destruído e eu ficar aqui sem ao menos poder passar para o outro lado da minha propriedade onde sempre plantei”, completou.

No momento em que a chuva começa cair dá para sentir a angustia e a tristeza dos trabalhadores com vontade de fazer aquilo que sempre tiveram o prazer de fazer: cultivar a terra de onde tiram o sustento, por causa de um projeto que em nada vai lhes servir.

Relatos como o de Antônio tem se multiplicado a medida que as obras de implantação da Ferrovia Oeste Leste avançam na região. Propriedades divididas, trabalhadores impedidos de trafegarem livremente nas terras de onde sempre cultivaram suas roças, famílias sendo retiradas de seus lares, casas destruídas, tráfego intenso de veículos e máquinas pesadas, poeiras que interferem na vida e saúde dos moradores. Vidas afetadas em nome de um projeto alimentado pela febre do lucro e voracidade do grande capital, que tem no Estado seu maior aliado. Estado que tem no capital seu mais forte parceiro a quem financia e apoia politicamente e estruturalmente.

Perto dali, na Comunidade de Manoel Vicente não tem sido diferente. Tem sido grave a apropriação do uso da água pelas empreiteiras. A utilização da água pelas empresas chegou a criar colapso no abastecimento local, as famílias viram suas reservas secando e a água faltando em suas casas. O sistema de abastecimento local foi danificado pelas máquinas, a empresa não faz os reparos nem permitiu que os moradores façam. A velocidade como os problemas tem avançado e afetado a comunidade é tamanha frente às iniciativas para resolvê-los. É como se no traçado da ferrovia não houvesse pessoas. Elas nunca são consideradas e ainda são obrigadas a aceitarem o preço pago pela empresa sob a pressão de que se forem questionar direitos as coisas serão piores e os valores a serem indenizados podem cair.

As obras da FIOL tem sido um exemplo claro da falta de respeito para com os pequenos e que sempre viveram a margem de políticas públicas e pela ausência do Estado que agora vem com toda força prejudicando muitas comunidades e famílias para beneficiar poucos e grandes grupos econômicos do agronegócio e da mineração.

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