Estudantes protestam contra repressão da Coseas

Coordenadoria de Assistência Social impede estudante de letras de continuar na moradia estudantil. Para manifestantes, a causa é política

Aline Scarso

Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) realizam nesta terça-feira (30) a partir das 12h, um ato contra a ação da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas), que decidiu negar moradia no Crusp (Conjunto Residencial da USP) ao estudante de letras, Rafael Alves. Na segunda-feira, os manifestantes também fizeram ato em frente à Coseas.

As manifestações vêem ocorrendo desde a última semana, depois que a Coordenadoria moveu um processo de reintegração de posse para retirar o estudante do apartamento onde mora.

Rafael foi diretor da Associação de moradores do Crusp e participou ativamente do movimento de estudantes que mantém a sede da Coordenadoria ocupada desde março de 2010. Os ocupantes, moradores do próprio Crusp, reivindicam mais vagas para a assistência estudantil e o fim da perseguição do órgão por causa de posições políticas.

No final deste ano, Rafael foi jubilado, mas prestou vestibular novamente e foi aprovado. Ele também passou no processo de seleção socioeconômic realizada pela própria Coseas, conquistando sete pontos além dos necessários para a sua inclusão no Crusp.

Na última semana, um comunicado do superintendente da Coseas, Waldyr Antonio Jorge, foi colado na porta dos apartamentos de todos os blocos. Segundo Waldyr, Rafael deveria sair imediatamente da moradia alegando que o estudante perdeu sua vaga por ter sido jubilado. “Não é porque no ano em curso [o estudante] foi matriculado nesta Universidade, após novo vestibular, que possui direito de continuar na moradia estudantil”, concluiu.

Em nota, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) lembram que Waldyr encaminhou o caso de Rafael à Procuradoria Geral da USP. Em documento anexo ao processo, ele pede rapidez no julgamento do caso “por se tratar de ex-aluno da USP invasor do prédio do serviço social”.

“Não há canais institucionais para a expressão de demandas do conjunto da comunidade universitária dentro da USP. Estamos sob uma estrutura de poder autoritária e centralizadora. Os que ousam atuar politicamente, apesar desse quadro, são perseguidos e criminalizados”, defende o comunicado das entidades.

Dezessete estudantes processados

Dezessete estudantes estão sofrendo processos disciplinares por causa da ocupação da Coseas. O espaço, localizado no térreo do Bloco G, foi projetado para ser moradia estudantil, mas vinha sendo usado como local de trabalho da burocracia da Coordenadoria.

A ocupação aconteceu depois de tensões entre os estudantes e guardas da moradia estudantil. No local, os moradores tiveram acessos a relatórios do Serviço de Ação Comunitária e Segurança do órgão, que descreviam atividades políticas dos moradores como falas realizadas em assembléias estudantis.

Os processos administrativos estão baseados no Regimento Disciplinar da USP, previsto para ser transitório desde 1972, quando entrou em vigência em pleno regime militar.

Nele estão previstas punições para quem atentar “à moral e os bons costumes” e “promover manifestação ou propaganda de caráter político-partidário, racial ou religioso, bem como incitar, promover ou apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares”.

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