Governo irá priorizar hidrelétricas distantes de áreas indígenas

Próximas usinas na Amazônia exigirão mudanças em áreas de conservação ambiental e adequações de projetos

Por Paulo Silva Junior, de São Paulo

Depois das experiências nas regiões dos rios Madeira e Xingu, o próximo passo do governo no aproveitamento das grandes reservas hídricas do País deve priorizar as usinas distantes das áreas de concentração indígena. Essa é a avaliação do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) Maurício Tolmasquim, que participou de evento em São Paulo na terça-feira (23/08).

Neste mês, a Aneel aprovou a revisão dos estudos de inventário da bacia do rio Juruena, onde até 22 plantas podem ser erguidas em área compreendida entre os estados de Mato Grosso e Amazonas. Do total de 8.831MW de potencial a ser instalado, Tolmasquim afirma que os parques com maior impacto às comunidades locais devem ser deixados para um segundo momento.

“Vamos priorizar os parques que não têm área indígena, o que não quer dizer que não vamos aproveitar as outras áreas”. Os projetos das usinas passam por oito rios da região, sendo que o maior empreendimento verificado tem 3.509MW.

Tapajós

As duas primeiras usinas do complexo hidrelétrico do Tapajós devem ser colocadas em leilão no final do ano que vem: São Luiz do Tapajós (6.133MW) e Jatobá (2.336MW). No mês passado, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) já havia colocado essas e mais outras duas como projetos estruturantes do país, prioritários para as próximas licitações.

Para esses aproveitamentos, Tolmasquim disse que a EPE está trabalhando para buscar o uso da desafetação, a substituição de áreas de preservação, onde serão feitas as usinas, por outras que possam assumir esse papel. “Estamos estudando para ver as áreas que têm biodiversidade equivalente, para que você possa desafetar uma área e transferir o parque para outra igual ou até maior”, explicou.

Outro diferencial de Tapajós, além da parte operacional com a implantação de usinas-plataforma (como bases de petróleo), está no fato da região não ser antropizada, ou seja, não ter a mesma ocupação humana de Belo Monte, por exemplo. “No Madeira ou Xingu, a usina se torna um vetor de desenvolvimento sustentável. Em Tapajós são áreas virgens, então o desafio é mantê-la virgem após a construção da usina. É outro paradigma”.

http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=7459&id_tipo=2&id_secao=3

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