Com 30 mil indígenas escravizados e torturados “Febre da Borracha” segue símbolo de injustiça

Jeane Freitas, Jornalista da Adital

“Para que os espíritos de nossos ancestrais descansem em paz”. Este foi o pedido emocionado que Fany Kuiru, uma colombiana witoto, fez ao mundo, para ajudar a revelar o que aconteceu com os seus antepassados durante a chamada “Febre da Borracha”, período em que milhares de índios foram escravizados e assassinados em países com territórios amazônicos. A informação foi divulgada pela organização Survival Internacional.

Após 100 anos de o jornal ‘Daily News’ ter apresentado os índios Omarino e Ricudo pela primeira vez ao público britânico para mostrar ao mundo que os indígenas de Putumayo, na Colômbia, estavam sendo escravizados, o mistério dos escravos da borracha continua. Os índios, que haviam sido levados para o país para mostrar a exploração durante a “febre da borracha”, foram ‘dados de presente’ ao Cônsul Britânico Roger Casement em 1910. Um deles foi trocado por um par de calças e uma camisa e o outro ganho em um jogo de cartas.

Fany, após receber as fotos de seus antepassados, denunciou que “todas as nações fizeram algo para exterminar a população indígena: a Colômbia os abandonou, Peru foi mentor e cúmplice do holocausto, Inglaterra o financiou, e o Brasil afastou os índios para trabalhar nas plantações de borracha”.

A indígena witoto acrescentou ainda que “as sociedades são responsáveis quando não controlam seus governantes, são cúmplices de crimes de lesa humanidade quando não reclamam que se faça justiça e se façam as reparações correspondentes”.

“Febre da borracha”

A febre da borracha teve seu auge entre os anos 1879 e 1912 e está relacionada com a extração e comercialização de borracha. Foi uma parte importante que marcou a história de países como Brasil, Peru, Bolívia Colômbia e Equador.

Historicamente, o ciclo da borracha marcou uma parte importante da história econômica e social do mundo e a vida de milhares de indígenas que tiveram seus direitos humanos violados. A demanda de borracha amazônica começou a crescer quando a empresa Goodyear descobriu a vulcanização. “Estima-se que em 12 anos, 30 mil índios foram escravizados e torturados para satisfazer a demanda de borracha da Europa e Estados Unidos”, informa Survival.

Ainda hoje, muitas tribos vivem isoladas, “são descendentes dos sobreviventes das atrocidades do ciclo da borracha, que fugiram nas cabeceiras do rio para escapar de assassinatos, tortura e epidemias que dizimaram a população indígena”.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=58916

 

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