Organizações alertam para situação alimentar no México

Karol Assunção, Jornalista da Adital

“A fome não espera”. As palavras são da União Nacional de Organizações Regionais Camponesas Autônomas (Unorca), que divulgou, na última quarta-feira (20), um manifesto exigindo do Poder Executivo Federal e do Congresso Nacional do México a declaração de “emergência agroalimentar nacional”. Além disso, demandou a promoção de políticas de aumento da produção de alimentos baseados na agricultura familiar e camponesa.

De acordo com a União, México vive atualmente “uma situação de emergência alimentar, mesma que vimos advertindo por anos desde várias frentes e a qual o governo federal não quer reconhecer”. Para os camponeses, tal situação possui diversas causas, dentre as quais se destacam: as mudanças climáticas, o aumento nos preços dos alimentos, a dependência alimentar e a pobreza extrema no campo.

Segundo Unorca, os fenômenos climáticos de 2010 e 2011 afetaram as produções de vários estados do país. No total, 670 mil hectares tiveram perda total e 330 mil tiveram danos parciais. Outro fator que contribuiu para a crise no México foi o aumento internacional nos preços dos alimentos e a situação alimentar mundial.

Conforme o manifesto da União, o índice elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou que a média de cotização internacional dos alimentos aumentou 32% no último ano. Unorca ainda denunciou a Política de importação de alimentos promovida pelo governo mexicano como fator que agrava a problemática no país.

“Os mexicanos gastaram 25 bilhões de dólares em 2010 para adquirir alimentos do estrangeiro, principalmente dos EUA. Uma quantidade semelhante, 294 bilhões de pesos do orçamento se destina ao Programa Especial Concorrente para o Campo Mexicano. Isto que dizer que se gasta o mesmo em comprar grão no estrangeiro que o gasto público destinado a zonas rurais. Isto é outro erro. Pois deste orçamento só se destina uma pequena porcentagem para apoiar os pequenos e médios produtores”, consideraram.

Os números revelam que a importação de alimentos segue alta no país. De acordo com as organizações camponesas, de cada cem gramas de alimentos consumidos no México, 42% vêm do exterior. Isso sem falar que 80% do arroz, 46% do trigo, 33% do feijão e 40% da carne de rês e de porco consumidos no país são importados.

A pobreza também foi lembrada pelas organizações. Segundo elas, dos 18 milhões de mexicanos e mexicanas em situação de pobreza com fome, 70% vivem no campo. “Isso só reflete o fracasso das políticas agropecuárias seguidas nos últimos 20 anos e o abandono dos camponeses, indígenas e dos pequenos e médios produtores rurais”, comentaram.

Diante desse quadro, a União exige que as autoridades mexicanas: declarem “emergência agroalimentar nacional”; incentivem políticas de aumento de cultivo de alimentos baseado na produção camponesa de pequenos e médios proprietários rurais; apliquem recursos fiscais e financeiros para melhorar os recursos naturais e fortalecer o reflorestamento nas comunidades indígenas; cancelem o capítulo agropecuário do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN); e aprovem a Lei de Planejamento para a Soberania e Segurança Agroalimentar e Nutricional.

http://www.adital.com.br/jovem/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=58653

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