Madeireiro é condenado a três anos

José Siqueira atuava em área onde morreu Dorothy Stang

Evandro Corrêa

Em decisão inédita, o juiz José Jonas Lacerda, da Comarca de Pacajá, no sudeste do Pará, condenou, na quarta-feira, 19, a três anos de reclusão em regime semi aberto, o madeireiro José Júnior Avelino Siqueira, o “Júnior da Semente”, que foi preso em junho deste ano, acusado de roubar toras de madeira do assentamento PDS Esperança, em Anapu, região onde foi assassinada, em fevereiro de 2005, a missionária americana Dorothy Stang.  O madeireiro só foi preso graças a denúncia da freira Jane Dwayer, da CPT de Altamira, que revelou que dez homens armados invadiram o assentamento PDS Esperança, em Anapu, levando parte da madeira apreendida pelo Ibama no início do ano, em dois caminhões.

Com o madeireiro José Avelino, a polícia também apreendeu vários equipamentos usados para a remoção da madeira.  O material havia sido apreendido pelo Ibama em propriedade do réu e tinha sido doado ao Incra para a construção de casas para assentados.  Segundo denúncia do Ministério Público, José Júnior Avelino Siqueira retirou madeira da propriedade de colonos no dia 25 de junho deste ano.  O juiz ressaltou em sua sentença que a culpabilidade do réu foi acentuada, “pois se aproveitando da fragilidade de colonos rurais, que obtiveram os bens mediantes doação, subtraiu a madeira para venda no comércio”.

A defesa do réu tentou desclassificar o crime para furto, tendo em vista não ter havido violência.  Mas o magistrado discordou do entendimento.  “Não houve violência, porém não se pode falar em furto em virtude do grande valor do bem”.  Na sentença, o juiz falou ainda sobre a conduta do réu.  “Seu comportamento e personalidade são voltados para a prática de crimes, sobretudo crimes no campo, o que pode gerar sequelas sociais.  O crime não apresenta motivos outros que não o de auferir dinheiro fácil”.  O réu, que foi preso por policiais civis do Pará e se encontrava recolhido em uma das celas da delegacia de Anapú, foi transferido ontem para o presídio de Altamira.  Entidades e movimentos sociais consideraram a decisão um avanço no judiciário paraense, uma vez que o madeireiro foi preso em junho e condenado um mês após cometer o crime.

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