Um tumulto foi registrado durante o trajeto da Marcha da Liberdade, em Belo Horizonte, na tarde deste sábado (19). Alguns participantes entraram em confronto com integrantes da Guarda Civil e policiais militares que estavam em frente à prefeitura da capital mineira. Os guardas usaram cassetetes e spray de pimenta para dispersar os manifestantes mais exaltados. Não houve registro de feridos ou prisões.
Integrante do movimento pela descriminalização da maconha, Victor do Carmo disse que ele e outros representantes da chamada “marcha da maconha” se retiraram quando alguns manifestantes fecharam uma via de acesso à praça da Liberdade – ponto final da passeata. O trânsito na região ficou bastante complicado.
– Alguns manifestantes ameaçaram invadir, mas foi um caso isolado.
Segundo a PM, cerca de 800 pessoas participaram do ato na capital mineira. Os organizadores falaram em 1.300 manifestantes.
Durante o passeata, os participantes aplaudiram a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que liberou as manifestações públicas em favor da maconha. Carmo falou sobre o assunto.
– A marcha da liberdade surgiu da repressão à marcha da maconha e da violência em São Paulo. É uma forma de estarmos comemorando a vitória na quarta-feira (quando ocorreu a decisão do STF). Estamos comemorando em grande estilo o nosso direito de expressar.
Túlio Vianna, professor de Direito Penal da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também elogiou a decisão do Supremo.
– O direito de liberdade da manifestação do pensamento é muito claro na Constituição e que o STF fez foi ter uma interpretação até muito literal do texto constitucional. O que espanta é que os juízes tenham proibido em algum momento essa marcha da maconha. Não existe censura prévia no nosso ordenamento jurídico.
Vadias
Em Belo Horizonte, a Marcha da Liberdade – que reuniu outros movimentos – se juntou ao movimento feminista conhecido como Marcha das Vagabundas, que teve origem em Toronto, no Canadá, depois que um policial teria recomendado às mulheres para não se vestirem como “vadias” a fim de evitar a violência sexual.
Algumas centenas de pessoas se concentraram na Praça da Estação, região central da cidade. A marcha, de caráter festivo, teve início por volta das 15h45. Os manifestantes seguiriam até a Praça da Liberdade, na região centro sul da capital.
Organizadora da marcha feminista, a atriz Débora Vieira também considerou positiva a decisão do STF, que “reafirma o que está na Constituição”. Segundo ela, contudo, os temas não são discutidos no País por uma questão cultural.
Outras cidades
A Marcha da Liberdade ocorreu em 41 cidades do país neste sábado. Em São Paulo, o movimento ocorreu de forma pacífica na avenida Paulista. Em outros municípios, como Florianópolis e Salvador, centenas de pessoas também saíram às ruas.
O ato reuniu ativistas de várias causas, da luta contra o racismo à preservação ambiental, entre outros.
http://noticias.r7.com/cidades/noticias/em-minas-marcha-da-liberdade-aplaude-decisao-do-stf-20110618.html