Maior estoque de carbono da região da Amazônia Legal está no solo, revela IBGE

s Faixas de concentração de carbono em até um metro de profundidade do solo na Amazônia Legal/ Divulgação

RIO – O maior estoque de carbono da região da Amazônia Legal, que corresponde a aproximadamente 59% do território brasileiro, está no solo e não na atmosfera, tornando-o componente essencial no processo de redução das emissões de gases do efeito estufa. Só no primeiro metro de profundidade, o solo retém cerca de duas vezes o estoque encontrado na atmosfera. O dado está presente na pesquisa “Geoestatísticas de Recursos Naturais da Amazônia Legal”, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE.

São 55,7 toneladas de carbono por hectare de solo da Amazônia Legal, em média, a meio metro de profundidade. Essa concentração, no entanto, não é uniforme e varia de 0,1 a 208,7 toneladas por hectare. Quando analisado a uma profundidade de um metro, o solo da região possui um estoque médio de 95,7 t/ha, podendo chegar ao máximo de 250,5 t/ha.

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Como no Brasil estima-se que 75% das emissões de CO2 sejam oriundas de mudanças no uso da terra – por erosão e decomposição da matéria orgânica dos solos, por derrubada de florestas e outras formas de vegetação natural para o uso agropecuário – esses estoques são fundamentais para o balanço da liberação de gases de efeito estufa na atmosfera. Em 2002, a mudança na cobertura da terra por interferência humana, por meio de atividades de desmatamento e queimadas, atingia 15,3% da área de vegetação primária da Amazônia Legal.

Se a emissão desses componentes é um dos temas que mais preocupa os ambientalistas hoje, a grande quantidade de árvores derrubadas entre a décadas de 70 e o ano de 2002 na região da Amazônia Legal é um dado de causar dor de cabeça: foram 2,6 bilhões de unidades eliminadas. Esse valor corresponde a aproximadamente 13% do total de árvores com diâmetro maior que 33 cm nas florestas. Além disso, são 4,7 bilhões de metros cúbicos de madeira destruídos.

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O desmatamento foi responsável pela eliminação de aproximadamente 23 bilhões de toneladas (12,7%) de biomassa, ou matéria orgânica de origem vegetal, e 6,6 bilhões de toneladas de carbono (12,7%) das formações florestais da Amazônia Legal até 2002.

Cerca de quatro milhões de quilômetros quadrados da Amazônia brasileira eram originalmente recobertos por florestas e, até 2002, a área desmatada já era da ordem de 15,3% do total da vegetação – percentual que já aumentou desde então. O processo de desmatamento acentuou-se nas últimas quatro décadas, concentrado nas bordas sul e leste da região.

A pecuária se destaca como a principal atividade que altera a cobertura da terra, representando 51,7% da vegetação modificada na Amazônia Legal, enquanto a vegetação secundária (vegetação que surge naturalmente após o abandono de áreas antes usadas pelo homem) corresponde a 32,1%, e a agricultura, a 15,2%.

Na época do levantamento, os estados do Maranhão, de Goiás, do Tocantins, de Mato Grosso e de Rondônia tinham mais de 20% de toda vegetação modificada da Amazônia. Já o Amazonas tinha o menor grau: apenas 1,5% da vegetação alterada.

Outro dado importante para se pensarem políticas de ocupação, redução de riscos e exploração é o tipo de relevo na região. Em sua maior parte, ele é colinoso, ou suavemente ondulado. As áreas de relevo mais acidentado estão concentradas no extremo oeste da Amazônia Legal, nos estados do Acre e do Amazonas, no oeste do Amapá, noroeste do Pará e de Roraima e norte de Mato Grosso. São áreas de extrema fragilidade ambiental, sobre as quais a ocupação humana tem avançado.

As áreas sujeitas a inundações correspondem a 12,4% do território da Amazônia Legal. Já a concentração de água subterrânea potável disponível em sua extensão é de 45% do total do país. As principais áreas de aquíferos porosos – onde estima-se estar 91% da água subterrânea do Brasil – são Amazonas, Mato Grosso e Pará.

As estatísticas utilizadas no levantamento são geradas a partir do Banco de Dados e Informações Ambientais (BDIA), mantido pelo IBGE, que reúne desde as informações levantadas pelo Projeto RADAMBRASIL, nas décadas de 1970 e 1980, até dados mais recentes, datados de 2002. Para o restante do território brasileiro, a meta é disponibilizar os dados até 2014.

Na Amazônia Legal vivem cerca de 24 milhões de pessoas, segundo o Censo 2010, distribuídas em 775 municípios, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins (98% da área do estado), Maranhão (79%) e Goiás (0,8%). Além de conter 20% do bioma cerrado, a região abriga todo o bioma Amazônia, o mais extenso dos biomas brasileiros, que corresponde a 1/3 das florestas tropicais úmidas do planeta, detém a mais elevada biodiversidade, o maior banco genético e 1/5 da disponibilidade mundial de água potável.

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