Acadêmico indígena de Direito apresenta TCC

Na próxima sexta-feira, dia 20 de maio, o representante dos acadêmicos indígenas da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Luiz Henrique Eloy Amado apresenta sua monografia, na sala da coordenação do curso de Direito, no Bloco C da UCDB, às 10h30. O tema do trabalho do formando em Direito é “O Supremo Tribunal Federal como `construtor’ da Constituição Federal: análise das condicionantes impostas para demarcação de terras indígenas”. Na banca estarão o orientador Ms. Maucir Pauletti e os examinadores Dr. José Manfroi e Ms. Evandro Silva Barros.

Indígena da etnia Terena, nascido na aldeia Ipegue, em Taunay, distrito de Aquidauana, Luiz é um dos acadêmicos que integram o Rede de Saberes, um projeto que apoia a permanência de indígenas no ensino superior, desde 2005, com recursos da Fundação Ford. O Rede de Saberes é desenvolvido por meio de uma parceria entre a UCDB, a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul de Aquidauana (UFMS).

Hoje, o Rede alcança aproximadamente 600 indígenas, em Mato Grosso do Sul. O projeto promove eventos para o debate de questões que abrangem a educação indígena, estimula e orienta a iniciação científica, têm laboratórios de informática, oferece cursos de extensão, monitorias e auxilia na cópia e impressão de material. Luiz é um dos muitos acadêmicos que têm ou tiveram sua trajetória acadêmica marcada pela presença do Rede de Saberes. O formando foi bolsista de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) durante três ciclos.

Da aldeia para a universidade – desconstruindo preconceitos

Em 2006, Luiz entrou para o curso de Direito na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Segundo ele, foi este o período mais difícil, pois morou longe dos pais tendo poucos recursos financeiros. Passado um semestre, conseguiu vaga na UCDB e passou a morar com a mãe que a pouco morava em Campo Grande. Desde então, as dificuldades anteriores foram superadas e iniciava-se uma nova etapa, trazendo outros desafios.

“No início do curso, quando o professor propôs um debate sobre as cotas eu me apresentei. Os colegas ficaram espantados e até o professor, quando me identifiquei como indígena e bolsista do Programa Universidade para Todos (ProUni) e contei que havia nascido e estudado na aldeia. Uma colega de turma chegou a dizer que não considerava capaz quem entrava pelas cotas ou estudara em aldeia indígena”, contou o acadêmico. Este pensamento preconceituoso não era muito diferente do demonstrado pela maioria dos alunos com quem Luiz estudaria a partir de então. Porém, a presença dele na universidade desafiou os colegas a repensar as questões indígenas ou, ao menos, emitir essas opiniões com maior respeito. Hoje, muitos superaram o espantamento diante da presença de indígenas na universidade.

 

 

Esta mensagem foi enviada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas da Universidade Católica Dom Bosco (Neppi/UCDB), www.neppi.org – 3312 3590.

 

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