MST participa de Semana de Ação Mundial da Unesco por escola sem discriminação

Por Maria Mello Especial para a Página do MST

 

Pressionar internacionalmente líderes e políticos para que sejam cumpridos os tratados e as leis que visam à garantia da educação pública de qualidade e para todos é o principal objetivo da Semana de Ação Mundial (SAM), entre 2 e 8 de maio.

No Brasil, a semana é coordenada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que surgiu impulsionada por um conjunto de organizações da sociedade civil que participaram da Cúpula Mundial de Educação em Dakar (Senegal), em 2000.

São parceiros da campanha órgãos internacionais como a Unicef e a Unesco e movimentos sociais como o MST e a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), entre outros.

Desde 2003, mais de 43 milhões de pessoas em todo o mundo foram mobilizadas em torno da atividade. Segundo a organização, cerca de 200 mil pessoas participam das atividades no Brasil neste ano.

A parceria entre o MST e a SAM resultou em uma atividade com cerca de 40 Sem Terrinha do assentamento Pequeno William, no Distrito Federal. As crianças conversaram sobre suas impressões em relação ao preconceito na educação e apresentaram o problema de transporte que enfrentam para chegar às escolas onde estudam, que ficam na cidade. Elas também participaram de uma oficina de artesanato com argila.

A audiência “Preconceitos e discriminações na educação brasileira”, realizada nesta quarta-feira (4/5) na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, em Brasília, integrou a agenda da semana e contou com as presenças de diversas entidades e parlamentares para discutir o tema – que nesta edição enfoca questões de gênero, raça e deficiências.

Maria Cristina Vargas, do Setor de Educação do MST, participou da atividade e apresentou um panorama da situação das escolas no campo brasileiro. Segundo ela, no meio rural a situação de discriminação no âmbito da educação é ainda mais difícil que nas áreas urbanas, em função da quantidade ainda deficitária de escolas. “Existe uma ideia estigmatizada de que o campo não precisa de escolas ou de pessoas educadas, basta que elas tenham força de trabalho. Falamos, então, de um lugar em que as escolas ainda nem chegaram”, denunciou.

Vargas apresentou à plenária um levantamento que aponta que, das cerca de 23,7 mil famílias do MST assentadas no país, 27% completaram o Ensino Fundamental, 6% têm o Ensino Médio e cerca de 16% são analfabetos. “Podemos ver pelos dados e pelo número de escolas fechadas no campo que a educação não chega lá. Nesse caso, o Estado, portanto, consolida essa discriminação”, afirmou.

A educadora relatou, também, casos considerados emblemáticos em relação à discriminação em torno das escolas do campo. Entre eles, as lutas contra a não realização do curso de veterinária da Universidade Federal de Pelotas, as tentativas de interrupção do curso de Direito, em Goiás, e o fechamento, em 2009, das escolas itinerantes no Rio Grande do Sul.

“O Estado não garante educação pública universal. Reconhecemos que houve avanços, mas como movimento social, enquanto ainda houver um analfabeto nesse país, lutaremos”, pontuou.

Ela chamou os presentes a se envolverem na campanha nacional contra o fechamento de escolas do campo, lançada neste ano pelo MST. A campanha reivindica, entre outros pontos, a construção de escolas nucleadas no próprio campo, em todos os níveis e modalidades de ensino, e que o Estado barre o processo sistemático de fechamento de estabelecimentos de educação.

http://www.mst.org.br/node/11706

 

 

 

 

 

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