Erisvaldo Rodrigues de Souza
Estudante de Direito UFG/PRONERA/MST
O Sindpacel (Sindicato das Indústrias do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira de Papel e Artefatos de Papel e Papelão do Estado da Bahia) postou recentemente nos meios de comunicação uma nota na qual apresenta como sendo a partir de seus investimentos que os índices de qualidade de vida nas cidades se instalam melhoram, o que agora venho provar ser MENTIRA com a mesma fonte de dados do sindicato (PNUD da ONU).
O Sindicato afirma que o MST tem prejudicado sua atuação na região, assim prejudicando o desenvolvimento das cidades e das pessoas da mesma região, o que também os dados demonstram ser mentira.
O Sindpacel afirma orgulhosa que a Bahia produz hoje 393 mil toneladas de papel, a maior parte destinada ao mercado interno! Mas pergunto: isso é bom para a Bahia? Bom é arrecadar R$ fora e trazer para o mercado interno. No caso destas empresas que tem boa parte de seu capital de origem extrangeira, ou seja, parte do lucro (obtido no Brasil) vai para seus países de origem, logo, levando dinheiro dos brasileiros para a Europa.
As empresas filiadas a este sindicato têm lucros de Bilhões de reais por ano e mesmo assim empregam menos de 12 mil trabalhadores, nem sempre de forma direta, muitos sujeitos às empreiteiras. Para compararmos, O MST da Bahia (que não é empresa), tem mais de 40 Mil assentados na Bahia, ou seja, muito mais empregos e são todos donos daquilo que produzem, diferente das empresas de CELULOSE. Além do MST estar ativo em mais de 150 cidades da Bahia, contra apenas 47 das empresas de Celulose.
As empresas ainda declararam apoiar varias ações no estado, entre elas, fabricas de processamento de farinha e mandioca, mas pergunto: onde elas compram a fécula de mandioca para embranquecer o papel? Nos estados do Sul. A Bahia ficou de fora. E os investimentos sociais são todos feitos pelos institutos próprios, com incentivos fiscais dados pelo estado, ou seja, a empresa não paga impostos ao estado e sim a ela mesma, arrecadando duas vezes.
O sindicato, assim como as empresas que representam são desleais aos fatos, apresentam dados fidedignos, mas mentem sobre quais fatos realmente foram fundamentais para tais melhorias na qualidade de vida da população destas cidades.
O relatório apresenta as cidades de Alcobaça e Ibirapuã, como exemplos de desenvolvimento, a partir da instalação de seus investimentos, dentre 47 cidades em que estas empresas investiram. Mas vejamos a realidade:
Os dados são do PNUD de 1991 e 2000, assim comparando-os e reconhecendo as melhorias nas cidades neste período. Assim Alcobaça saltou de IDH (índice de desenvolvimento humano) 0,506 em 91, para 0,637 em 2000. Ibirapuã apresentou 0,57 em 91 e 0,673 e 2000. melhoras significativas, mas que nada tem haver com a instalação de empresas de eucalipto na cidade.
Para confrontar, cito Jucuruçu, que em 91 tinha IDH 0,448 e estava entre as cidades mais pobres do Brasil, para 0,583 em 2000, ou ainda Itamaraju, que saltou de 0,556 em 91, para 0,650 em 2000, estas duas cidades, não têm investimentos das empresas deste sindicato, mas elas como todas as outras cidades brasileiras passaram entre 1991 e o ano 2000 por um período de muita organização do estado brasileiro, a abertura democrática na década de 80 e a nova carta constitucional, junto a políticas estabelecidas nos estados e no âmbito federal é que proporcionaram maior qualidade de vida aos Brasileiros.
Saúde: A criação de imposto específico para investimentos na saúde pública foi com certeza um avanço no país, além do esgotamento sanitário, cada dia mais presente em nossas cidades.
Educação: O acumulo histórico de cobranças por melhorias na educação e diante da grande crise por que passava este setor, houve a aprovação e criação do FUNDEB – Fundo Nacional de Educação Básica, que garantia melhoria nos investimentos da educação, merenda escolar.
Habitação: Mesmo sem grandes investimentos em habitação durante os anos de 1991 a 2000, podemos citar a facilidade de financiamento da construção de casas e a ampliação do esgotamento sanitário e o luz no campo, além da criação do PRONERA que muito contribui para minimizar as desigualdades entre campo e cidade.
Combate a Probreza: Mesmo não existindo essa política nos governo Collor/Itamar/FHC, a saída da crise de 87 que durou até metade da década de 90, o plano real e programa de transferência de renda aos cidadãos. Além da política de assentamentos rurais, a qual tornou possível o assentamento de milhares de famílias em todo o Brasil, reduzindo o numero de desempregados nas cidades e gerando renda no campo, principalmente nas cidades citadas também neste texto.
Estas políticas geraram melhorias em todos os municípios do país, prova disso é ver os dados do PNUD.
Sobre o meio ambiente, ouso afirmar que floresta não é apenas arvores e arbustos, a floresta só existe com a presença de vida animal, o que comprovadamente não é compatível com o plantio de eucalipto.
Por fim, o que o Sindpacel busca de VERDADE (não na verdade) é o apoio dos entes regionais para se apropriar ainda mais dos meios de produção de riqueza de nossa região, deixando aos mais oprimidos; os trabalhadores sem terra a culpa por sua fuga de determinada área de terra quando esta já não mais gerar a riqueza desejada pelas empresas de celulose, assim deixando verdadeiro deposito humano nas favelas que já se formam nos grandes pólos de nossa região.
Fonte: http://www.pnud.org.br/atlas/tabelas/index.php,
http://www.teixeiranews.com.br/news2/news.php?id=9895&sess=18,