SP – 25 gangues apavoram gays e negros nas ruas da cidade

Eles são jovens, com idades entre 16 e 28 anos. Têm ensino fundamental e médio. Pertencem, em sua maioria, às classes C e D. Usam coturnos com biqueiras de aço ou tênis de cano alto, jeans e camisetas. São brancos e pardos – negros, não. Cultuam Hitler, suásticas e o número 88. A oitava letra do alfabeto é o H; HH dá “Heil, Hitler”, a saudação dos nazistas. Consomem baldes de álcool. As outras drogas têm apenas uso marginal.

Ostentam tatuagens enormes em que se leem “Ódio”, “Hate”, ou “Ame odiar”. A propósito, odeiam gays e negros. São de direita. Gostam de bater, bater e bater. E de brigar. A reportagem é de Laura Capriglione e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 03-04-2011.

O perfil dessa turma, auto-denominada skinheads por influência do movimento surgido na Inglaterra durante os anos 1960, quem traçou foi a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), da Polícia Civil do Estado de São Paulo. No total, a Decradi já identificou 200 membros de 25 gangues com nomes como Combate RAC (Rock Against Communism – rock contra o comunismo, em português) e Front 88 (sempre o 88).

São integrantes desses grupos que aparecem com mais frequência como agressores de negros, gays e em pancadarias entre torcidas organizadas, quando encarnam a faceta “hooligan”.

Também a exemplo do que ocorre na Europa, skinheads são especialistas em quebra-quebra entre torcedores.

“FAIXA DE GAZA”

A delegada Margarette Correia Barreto, titular da Decradi, é quem lidera o esforço de identificação dessas gangues. Atualmente, na delegacia, há 130 inquéritos envolvendo os “crimes de ódio” – motivados por preconceito contra um grupo social.

“O alcance e a repercussão desses ataques, entretanto, é muito maior do que em um crime comum. Se um homossexual é atingido, todo o grupo sente-se atingido”, exemplifica a delegada do Decradi. “É uma comoção.”

Pelo levantamento da polícia, o foco dos “crimes de ódio” é a região da avenida Paulista e da rua Augusta, na região central da cidade. Segundo a delegada, ali é “a nossa faixa de Gaza”.

O motivo é que a área tem a maior concentração de bares frequentados por gays e por skinheads – cada turma no seu reduto, mas todos muito perto uns dos outros. “Eles acabam se encontrando pela rua”, diz a delegada.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=42026

 

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.