SP – Carta de Repúdio aos ataques contra evento anti-fascista

por MPL, Bloco ANEL às Ruas e Coletivo Gestor do espaço Ay Carmela

No dia 26 de fevereiro deste ano, integrantes de vários grupos que combatem toda forma de racismo, preconceito e discriminação realizavam um evento que lembrava a morte do adestrador de cães Edson Neris da Silva (morto por skinheads em 2000).  O evento, chamado “Jornada Anti-fascista”, é organizado já há 11 anos e também pontua o combate efetivo do racismo, do machismo e dos problemas sociais ligados à intolerância de forma geral.

Pela manhã foi organizado um ato público contra o racismo e o fascismo na Praça da República e um dos skinheads agressores, numa ação de provocação, fez uma saudação nazista para os manifestantes quando por ali passava.

Durante a tarde, em um Espaço Cultural no centro, ocorreu a segunda parte do evento com bandas, exposições e denúncia contra todas as formas de racismo e a intolerância, quando, nas proximidades, ocorreu a agressão: um grupo de skinheads portando uma espingarda de chumbinho, munição, dois facões, uma faca com inscrições nazistas, três canivetes, um soco inglês e uma machadinha (segundo a Polícia Militar) agrediram participantes do evento, incluindo um jovem negro e deficiente físico, que foi agredido com tacos de beisebol (baseball).

Quatro jovens foram feridos com facadas no braço, barriga e cabeça; um deles sofreu perfuração no crânio e dois foram submetidos a cirurgia. Um dos agressores, quando terminou, ainda disse que havia pego mais um “macaco”.

Foram detidos pela polícia apenas cinco dos agressores, e segundo a polícia dois deles já possuem antecedentes criminais. Há algumas semanas atrás skinheads nazistas também haviam pixado uma suástica em frente ao mesmo Espaço Cultural onde ocorreu o evento.

Fica mais uma vez evidente a necessidade urgente de um combate efetivo à ação violenta destes grupos skinheads. Este tipo de violência contra negros/as, nordestinos/as, imigrantes , homossexuais e outros/as é cada vez mais recorrente e não pode ser encarado como “excessos de jovens”, como muitas vezes a imprensa insiste em noticiar e muito menos como casos isolados e sem relevância.

UMA SOCIEDADE QUE SE DIZ DEMOCRATICA E PLURAL NÃO PODE SER CONIVENTE COM PRÁTICAS DE CARÁTER NEONAZISTA.
NÃO PODEMOS DAR MARGEM A AÇÕES RACISTAS, PRECONCEITUOSAS E/ OU XENÓFOBAS COMO ESSA, ESPECIALMENTE SOB A PENA DE ARCAR, COMO CONSEQUÊNCIA, COM O FORTALECIMENTO DESTES GRUPOS DE EXTREMA DIREITA.

A DIVERSIDADE DA SOCIEDADE DEVE REFLETIR-SE TAMBÉM NA CAPACIDADE DE REAGIRMOS A TAL AGRESSÃO DE FORMA EFETIVA, REAÇÃO ESTA EM CONSONÂNCIA COM DIVERSOS GRUPOS DE DIREITOS HUMANOS, DE DIVERSIDADE SEXUAL E ÉTNICA E DEMAIS GRUPOS.

Minimizar a gravidade deste tipo de ação de intolerância que ocorre há tempos em todo o mundo atingindo uma série de grupos é fechar os olhos para um problema que coloca em risco a liberdade de todos/as nós!

NÃO PODEMOS SER CONIVENTES NEM OMISSOS FACE À EXPLÍCITA ESCALADA DA VIOLÊNCIA NEONAZISTA DE SKINHEADS, NEM AQUI, NEM ONDE QUER QUE ELA OCORRA.

Diante disso, manifestamos todo o nosso repúdio a todos os grupos que propagam a intolerância e com isso CONCLAMAMOS TODA SOCIEDADE A MANIFESTAR PUBLICAMENTE O SEU REPÚDIO AO OCORRIDO.

Edson Néris

O adestrador de cães, Edson Néris da Silva, assassinado na madrugada de 6 de fevereiro de 2000, passeava de mãos dadas com seu companheiro, Dario, na Praça da República, quando foi atacado por um grupo de homofóbicos.

Dario conseguiu escapar, mas Edson foi espancado barbaramente a chutes e golpes de soco-inglês. Acabou morrendo em decorrência de várias hemorragias internas. A polícia, na ocasião, deteve 18 SKINHEADS.

Assinam a carta:

Movimento Passe Livre São Paulo
Coletivo Gestor do Espaço Autônomo ?Ay Carmela!?
Bloco ANEL às Ruas!

Carta de repúdio aos ataques contra evento anti-fascista

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