Indígena acusa funcionário da Funai de tentativa de estupro

Indígena da etnia mura acusa funcionário da Funai de tentativa de estupro.  O fato aconteceu no final de dezembro passado, mas somente agora a indígena decidiu denunciar por receio que isto possa se repetir com outras mulheres, segundo ela.

Lucy Rodrigues
Elaíze Farias

A indígena Antônia Zilda de Moura Sampaio, 34, acusa um funcionário da Coordenação Regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) de tentativa de estupro dentro das dependências do órgão, em Manaus.

Na manhã desta quarta-feira (19) um grupo de aproximadamente 40 indígenas foi à sede da coordenação pedir a exoneração do funcionário que teria tentado estuprar Antônia em dezembro passado.

Antônia Zilda, natural da aldeia Tauary, no município de Autazes (a 112,50 quilômetros de Manaus), mora em Manaus. Ela faz parte de um grupo de indígenas beneficiado com residências no conjunto Cidadão, na Zona Norte, do programa de habitação do governo.

A indígena contou que em dezembro foi à Funai “pedir algum tipo de apoio” da Funai para a situação das famílias indígenas que vivem em casas cedidas pelo governo do Estado.

Ela afirmou que demorou para fazer a denúncia contra o funcionário da Funai porque temia a reação da família e do marido, que também é indígena mura.

Nesta terça-feira (18), Antônia contou que “tomou coragem” e fez boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher.  O grupo de indígenas também disse que levou o caso ao Ministério Público Federal.

Demissão

Parentes e amigos de Antônia querem agora a saída do funcionário.  Caso isto não ocorra, a ocupação do prédio deve continuar ao longo desta semana.

Jair Miranha, liderança de outro grupo de famílias indígenas que também foi beneficiado com o programa de habitação do governo, disse que soube da denúncia através da própria Antônia.

“Ela veio aqui em casa chorar e falar o que aconteceu.  Amanhã (quinta-feira) vou na Funai tentar conversar com o funcionário para saber o que ocorreu de fato.  Quero saber da realidade.  Se ele fez alguma coisa errada, tem que ser punido.  Mas primeiro quero saber dele”, disse Miranha.

O coordenador substituto da Funai, Mário Stélio, disse que a denúncia será nesta quinta-feira à Corregedoria da Funai de Brasília e cabe a ela tomar as providências.  Segundo ele, o funcionário acusado pelos indígenas é indigenista há 30 anos da Funai e nunca acusação contra ele durante esse período.

A assessoria de imprensa da Funai, com sede em Brasília, foi procurada e enviou uma nota sobre o caso, indicando que a Fundação irá apurar os fatos e tomar as providências para que o autor do crime seja punido.  A seguir, a nota, na íntegra:

“A Funai não compactua com nenhuma forma de violência contra os povos indígenas, principalmente contra as mulheres, público com o qual a Funai realizou, entre 2009 e 2010, um ciclo de 13 seminários participativos sobre a Lei Maria da Penha, realizados com cerca de 500 mulheres indígenas das diferentes regiões do País.  Em função da denúncia apresentada, a Funai irá apurar os fatos e tomará as providências cabíveis para garantir que o autor do crime seja punido, seja ele funcionário da Funai ou não, assegurando a proteção das mulheres indígenas e, especificamente, da vítima em questão.”

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=376109

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