Enfrentando: Resistência e luta do povo Guarani, por Egon Heck

O agronegócio vai de vento em popa em Mato Grosso do Sul. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) garante o pé no acelerador. As máquinas se reproduzem rapidamente e são cada vez mais potentes e eficientes. Enormes estruturas de ferro e cimento brotam  do chão vermelho e em pouco tempo vão cuspindo fumaça, símbolo do progresso. O etanol jorra como o bom vinho nas festas de núpcias do governo estadual e federal. As toneladas de venenos matam sem piedade todas as ervas indesejadas e as múltiplas formas de vida e microorganismos do solo. Parte dele talvez alcance o Aquífero Guarani, no ventre da mãe terra. Pequenas resistências e vozes incômodas, como a dos indígenas, quilombolas, sem terra e ambientalistas, entre outros, vão aos poucos sendo silenciadas pelo ronco das máquinas ou o silêncio bem pago.

Os Guarani e Kaiowá do MS, com a teimosia em retornar a seus tekohá continuam sendo um obstáculo. E mais do que isso, uma ameaça ao apregoado desenvolvimento. Transformar propriedade privadas, altamente produtivas, em “terra de índio”  é um absurdo, conforme tem se pronunciado governantes dessa terra. O presidente Lula tem sido cobrado pelos Guarani, desde o primeiro até o último dia de seus oito anos de governo, por não demarcar as terras desse povo. Porém a lógica do agronegócio, os fortes interesses econômicos nacionais e multinacionais, têm prevalecido. A quase totalidade das terras Kaiowá Guarani falta ser regularizada e devolvida aos habitantes originários desse território.

As conseqüências graves dessa não demarcação das terras no estado já foram exaustivamente expostas nas instâncias nacionais e internacionais. Incansáveis e irredutíveis em lutar pelos seus direitos sagrados à terra, decidiram mais uma vez levar a vários fóruns internacionais a violação de seus direitos e a extrema violência a que estão submetidos. Lutam com todas as suas forças pela vida e sobrevivência em suas terras. Buscam aliados e amigos em todos os rincões do mundo. Até a construção de um boneco de neve pode se transformar num símbolo da resistência e luta desse povo. Algumas imagens ajudam a entender esse enfrentamento.

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