I Marcha dos Povos da Bacia do Rio Parnaíba

MARCHA DE TASSO FRAGOSO: Quase 2 mil manifestantes partem do aeroporto rumo ao cais do Rio Parnaíba ...(Imagem:José Bonifácio/GP1)
MARCHA DE TASSO FRAGOSO: Quase 2 mil manifestantes partem do aeroporto rumo ao cais do Rio Parnaíba

José Bonifácio

Agricultores familiares, pescadores, estudantes, professores, Organizações Não Governamentais e demais segmentos da sociedade de Tasso Fragoso (MA) e de vários municípios integrantes da Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba participaram ontem, quarta-feira (15), da I Marcha dos Povos da Bacia do Rio Parnaíba.

O movimento dos Ameaçados por Barragens promoveu uma caminhada de quase três quilômetros para protestar contra o excesso de barramentos no Rio Parnaíba. Também participaram do protesto autoridades políticas, civis, militares e eclesiásticas, fortalecendo o pensamento contrário à construção da Usina Hidrelétrica Ribeiro Gonçalves.

Os quase 2 mil manifestantes se concentraram na rodovia MA-006, próximo ao aeroporto de Tasso Fragoso. De lá, seguiram pela estrada rumo a Alto Parnaíba, até o Posto Caetano, rumando para o centro da cidade e se juntando às crianças, aos jovens, aos adultos e aos idosos, que aguardavam nas calçadas.

A manifestação contou com a participação de pessoas ilustres, como o deputado federal reeleito Domingos Dutra (PT-MA), Dom Enemésio Ângelo Lazzaris (Bispo Diocesano de Balsas/MA), Edmilson Pinheiro (Secretário Executivo do Fórum Carajás), Antonio Carlos Rodrigues Vieira (Prefeito de Tasso Fragoso/MA) e Germano Martins Coelho (Prefeito de Loreto/MA), além de vereadores e outras lideranças políticas.

A Marcha teve ainda a presença das senhoras Maria e Valderez, duas entre as mais de mil pessoas atingidas pela Barragem de Estreito, no Maranhão, que sentem na pele o drama vivido pelas “vítimas” desses empreendimentos.

“Eu fui nascida e criada na Ilha de São José, no Rio Tocantins. Tive que sair de lá, depois de 42 anos vividos ali. Isso aqui é um movimento do povo, de vocês. E essa pequena força unida, jamais será vencida”, declarou. “Essas Barragens não trazem vantagens para a comunidade, e sim problemas. O que tem é muita propaganda enganosa”, completou sua colega Valderez.

Para Edmilson Pinheiro, representante do Fórum Carajás, estudos indicam que a Hidrelétrica Ribeiro Gonçalves trará 80 impactos negativos e apenas 4 positivos. Significa dizer que, apesar de ser uma fonte de energia renovável e não emitir poluentes, a energia hidrelétrica ocasiona danos ambientais e sociais irrecuperáveis.

Mas as autoridades políticas e religiosas também se posicionaram ao lado daqueles que serão direta e indiretamente afetados pela AHE Ribeiro Gonçalves. Quem primeiro se pronunciou foi o prefeito de Tasso Fragoso, Antonio Carlos Rodrigues Vieira (PV), prosseguido pelo gestor de Loreto (MA), Germano Martins Coelho (PRB). Ambos se negaram a assinar a anuência do empreendimento, atestando que a obra estaria em conformidade com a Legislação de Uso e Ocupação do Solo.

O chefe do executivo de Tasso Fragoso afirmou que vem recebendo muitas pressões para assinar o documento. “Não tem sido fácil para mim recusar assinar esse documento enviado pelo Governo Federal”, disse Antonio Carlos.

Por fim, o deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), que pela primeira vez esteve em Tasso Fragoso, hipotecou apoio integral a todos aqueles que estão se sentindo prejudicados. Ele afirmou que, mesmo sendo do PT, se sentia à vontade para participar do movimento, pois nunca recebeu um centavo de empreiteiro para financiar sua campanha eleitoral.

“Acho que o movimento está correto em lutar pela não construção da Barragem. Eu sei que há interesse do Governo Federal em construir esses empreendimentos, pois o Brasil precisa de energia elétrica”. E finalizou: “O que não pode é ser feito de qualquer jeito, em nome do progresso, beneficiando apenas os grandes empreiteiros, em detrimento dos que vivem aqui”.

De fato, a utilização de grande potencial de energia pelo homem moderno é irreversível, pois os avanços tecnológicos são essenciais à sobrevivência humana. Entretanto, os tecnocratas de Brasília não podem nem devem julgar o nível de desenvolvimento de um povo apenas e tão somente pela avaliação do seu consumo energético.

http://www.gp1.com.br/blogs/politicos-participam-de-manifestacao-contra-o-excesso-de-barragens-no-rio-parnaiba-171096.html

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