Acusados de matar trabalhadores do MST em 1997 vão a júri popular nesta terça-feira (14)

Foto: Sebastião Salgado
Foto: Sebastião Salgado
Julgamento dos acusados de matar dois e tentar matar mais quatro trabalhadores rurais sem terra acontecerá 13 anos após o assassinato, ocorrido em latifúndio da atual empresa Araupel, em Laranjeiras do Sul-PR

Na próxima terça-feira (14), acontece o júri dos acusados de assassinar os trabalhadores rurais Vanderlei das Neves (16), José Alves dos Santos (34) e da tentativa de assassinato de mais quatro trabalhadores em Laranjeiras do Sul, região Sudoeste do Paraná. Os crimes ocorreram em 16 de janeiro de 1997, numa emboscada na fazenda Pinhal Ralo, em Rio Bonito do Iguaçu/PR, área grilada pela empresa Giacomet Marodin (atual Araupel). Apesar dos pistoleiros acusados dos assassinatos serem funcionários da empresa na época, a empresa e seus proprietários nunca foram responsabilizados.

O júri já foi cancelado oito vezes desde 1997, sem qualquer motivo plausível para esse fato. No Paraná, a morte do jovem Vanderlei das Neves é apenas o segundo caso de assassinato de trabalhadores rurais sem-terra que vai a júri, apesar do alto número de assassinatos no campo. Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram que entre 1998 e 2009, no Paraná, houve o assassinato de 19 trabalhadores rurais sem-terra.

A acusação feita pelo Ministério Público, que será assessorada pelo Dr. Luiz Eduardo Greenhalgh, aponta que os assassinatos ocorreram em retaliação à maior ocupação de terras da história da América Latina (FOTO). A fazenda foi ocupada por 3 mil famílias no dia 17 de abril de 1996, em ação imortalizada na foto mundialmente conhecida de Sebastião Salgado, na qual um homem empunha vigorosamente a foice rompendo uma porteira.

Nove meses depois da ocupação, os assassinatos aconteceram, exatamente, no mesmo dia em que o então presidente da república, Fernando Henrique Cardoso, assinou o decreto de desapropriação de pouco mais de 16 mil dos 87 mil hectares da fazenda. Hoje, grande parte dessas terras foi retomada pela União em ações judiciais que reconheceram irregularidades nos registros imobiliários, e foram transformados em assentamentos rurais.

O cenário de violência e impunidade que marcou a história da luta pelos Direitos Humanos no Brasil encontra neste julgamento um caso emblemático que merece uma resposta do Poder Judiciário à altura das vidas dos dois trabalhadores sem terra assassinados. A memória dos mártires brasileiros da luta pela terra fortalece a mobilização social em mais um dia 10 de Dezembro, no qual se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Mais Informações:

Fernando Prioste, Assessor Jurídico da Terra de Direitos (41) 3232-4660.
Laurecir Coradace (MST)  (42) 9119-7376.

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