Chega ao fim 7ª edição da principal assembléia do movimento indígena brasileiro

Natasha Pitts

Adital – Terminou nesta quinta-feira (19) o VII Acampamento Nacional Terra Livre (ATL). O evento, que teve início na última segunda-feira, congregou lideranças indígenas de todas as etnias brasileiras em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em torno de temas polêmicos que afetam a vida e a dignidade dos povos indígenas. Ao final do evento, os indígenas aprovaram um documento que será entregue aos candidatos à presidência do Brasil.

Durante quatro dias de Acampamento na Aldeia Urbana Marçal de Souza, cerca de 800 lideranças se articularam para avaliar quais promessas governamentais já haviam sido cumpridas e quais ainda estavam pendentes. A partir deste momento, novas propostas de demandas foram criadas para que o governo possa atender as principais necessidades dos povos indígenas do Brasil e guiar suas ações por meio do respeito aos direitos fundamentais dos povos indígenas e originários.


“Foi um evento muito importante, principalmente porque aconteceu no Mato Grosso do Sul, terra onde os indígenas estão sofrendo perseguições, sendo ameaçados e assassinados e aonde as demarcações são mais difíceis. Aqui pudemos prestar solidariedade com os povos do Estado e falar sobre a situação dos povos do Nordeste, onde três lideranças estavam presas por lutarem por seus direitos. A criminalização dos povos indígenas foi muito debatida durante nesses dias”, pontuou Irajá Pataxó, representante dos povos indígenas do Nordeste.

A tarde de ontem, foi um dos momentos estratégicos do ATL. Em grupos, as lideranças discutiram temas como o direito à saúde, à educação, demarcação, grandes empreendimentos em terras indígenas e o Decreto 7.056/09, que reestrutura a Fundação Nacional do Índio (Funai). As propostas geradas nos grupos foram lidas em plenárias e passaram por aprovação nesta manhã.

As propostas consensuadas foram inseridas no documento final do Encontro, que agrega as principais reivindicações e necessidades dos povos indígenas do Brasil. Até o final deste mês, uma comissão indígena irá a Brasília, no Distrito Federal, para entregar o documento aos presidenciáveis e ao atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com Irajá Pataxó, a intenção é fazer com este documento corra o Brasil e o mundo. Por este motivo, também será entregue para ONG’ e demais entidades que apóiam a causa indígena.

“Por todos os lugares onde passamos aqui no Mato Grosso do Sul vimos faixas em apoio à campanha ‘Produção sim, demarcação não’, que foi criada pelos fazendeiros e é apoiada pelo governo. Até mesmo no táxi que pegamos o discurso é o mesmo. O governo precisa ser reeducado e a população do Estado também. A situação aqui é gravíssima. Mesmo assim, nós estamos unidos e se não fomos dizimados há 500 anos também não vamos ser dizimados agora”, assegurou Irajá.

Como nas edições anteriores, os participantes do Acampamento Nacional Terra Livre encerraram o Encontro com um ato público, realizado em frente à sede do governo e pelas ruas de Campo Grande. Na ocasião, os indígenas chamaram a população a fortalecer a causa indígena e buscaram, ainda, chamar atenção para o sofrimento dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=50317

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