Juventude rural não quer deixar o campo mas precisa de condições para ficar, defende Contag

Secretária destacou que políticas específicas para a juventude têm acontecido, mas apenas nos grandes centros urbanos

Ao contrário do que muitos pensam, a juventude rural brasileira não anseia em deixar o campo e seguir para os grandes centros urbanos, mas as condições impostas no interior do país forçam a saída desses jovens, de acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

Ao participar da cerimônia de abertura do 2º Festival Nacional da Juventude Rural, a secretária de Jovens Trabalhadores Rurais da Contag, Maria Elenice Anastácio, lembrou que quase 8 milhões de jovens trabalham no campo – 3 milhões deles permanecem analfabetos. Há problemas também na área de saúde, crédito, estradas e moradia.

— Não somos a minoria, como é dito nas estatísticas. Somos marcados pela invisibilidade. Pregaram, ao longo dos anos, que a juventude é o futuro. Porém, esse futuro depende do presente que estamos ofertando para essa juventude — disse ela, ao destacar o que considera uma dívida histórica do Brasil com a juventude.

Maria Elenice destacou que políticas específicas para a juventude têm acontecido, mas apenas nos grandes centros urbanos. Desta forma, para que os jovens do campo tenham acesso a uma boa educação, por exemplo, precisam deixar o ambiente rural.

— Não é uma escolha nossa não ficar no campo, são as condições que nos empurram a sair. Mesmo precárias, elas só existem nas cidades. Não é verdade que não queremos ficar, mas precisamos ter condição de ficar na terra — afirmou.

Segundo Maria Elenice, é preciso que haja melhorias no acesso ao crédito e garantia de preço mínimo para o que é produzido pelos jovens.

Para o secretário Nacional da Juventude, Beto Curi, há avanços na área, como a sanção da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 42/08, a chamada PEC da Juventude. A proposta inclui os jovens como público-alvo de políticas públicas. Ele citou ainda o ProJovem Campo, que oferece qualificação profissional e escolarização a jovens agricultores familiares de 18 a 29 anos, que não concluíram o ensino fundamental.

— O Brasil começa a recuperar a dívida histórica que tem com os jovens. Ampliar escolas técnicas, universidades, ampliar os direitos aos jovens. É dessa forma que vamos avançar no tema juventude como política pública de Estado — concluiu Beto Curi.

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