A decisão de expulsar McAuley acontece em meio a grande tensão entre os povos originários e o governo, a partir do veto do Executivo à lei votada pelo Congresso que tornaria obrigatória a consulta aos povos indígenas antes de aprovar operações de exploração de recursos naturais em seus territórios, de acordo com o que estabelece o Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), integrada pelo Peru integra.
O primeiro-ministro do Peru, Javier Velásquez Quesquén, acusou o sacerdote britânico de agitador, por questionar as políticas governamentais: “Não podemos permitir que um estrangeiro vá contra o modelo de desenvolvimento. Nós defendemos os investimentos”, disse Velásquez, com referência às críticas de McAuley às transnacionais que exploram recursos naturais nos territórios indígenas.
Em Iquitos, capital da região de Loreto e principal cidade da Amazônia peruana, o sacerdote britânico, que preside a Rede Ambiental Loretana, rejeitou as acusações do governo: “Essa decisão do governo chegou como uma surpresa. Não entendo a razão. Eu não animei ninguém à violência. O que fazemos é exigir que a lei seja aplicada. Isso é um crime? E trabalhamos pela defesa dos direitos indígenas e do meio ambiente, segundo o ensinamento social da Igreja Católica. Apelamos contra essa decisão, que é um abuso”, indicou McAuley. Nos últimos dias, o Padre havia criticado severamente a petroleira argentina Pluspetrol por causa do derramamento de 400 barris de petróleo no rio Marañón, afluente do Amazonas.
O governo acusou os congressistas do opositor Partido Nacionalista, organizações ambientalistas e membros da Igreja Católica que trabalham na Amazônia, entre eles o sacerdote McAuley, de promover o protesto indígena e a violência. O líder dos índios amazônicos, Alberto Pizango, teve que pedir asilo político na Nicarágua, depois que o governo o responsabilizou pelas mortes. Há pouco mais de um mês, Pizango voltou ao Peru e, embora não tenha sido preso, teve que enfrentar um julgamento, junto com outros dirigentes indígenas, por rebelião e outras acusações.
A tensão aberta entre o governo e os indígenas amazônicos começou em 2008, quando o Congresso aprovou um pacote legal que facilitava a entrega das terras indígenas às transnacionais. No dia 5 de junho de 2009, um protesto indígenas de mais de dois meses contra essa decisão terminou em um violento enfrentamento com a polícia, que deixou 34 mortos.