Comissão de indígenas Karajá e Kanela tentam em vão falar com presidente da Funai

Uma comissão formada por 12 indígenas dos povos Karajá e Kanela do Araguaia estão em Brasília desde segunda-feira (5) para falar com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira. O grupo pretende conversar sobre o Decreto 7.056/09, que reestrutura o órgão. Os Karajá vivem na Ilha do Bananal, no Tocantins, e os Kanela do Araguaia moram na região de São Félix do Araguaia, em Mato Grosso.

A viagem até Brasília tem por objetivo retratar à Funai os diversos problemas enfrentados pelas comunidades com as mudanças nos atendimentos prestados pelo órgão. Antes esses serviços eram prestados por meio da Administração Regional do Araguaia, localizada em São Félix, que também atendia os povos da região da Ilha do Bananal. No entanto, desde o ano passado, quando o decreto foi assinado pelo presidente da República, os atendimentos estão paralisados.

As administrações regionais, de acordo com o decreto, serão extintas e criadas coordenadorias regionais. O grupo reclama que coordenadoria que será responsável pelo atendimento na região, localizada em Palmas (TO) também atenderá comunidades de mais 28 municípios. “Isso é praticamente impossível, pois essa coordenadoria não terá como atender um número tão grande de pessoas, além disso, os municípios ficam muito distantes um do outro”, afirmam.

“Depois desse decreto vários indígenas morreram sem atendimento, por conta do alcoolismo e de outros problemas que afetam nossa comunidade, pois estamos sem nenhuma fonte de renda, como o projeto de agricultura”, afirmou  João Werreriá, do povo Karajá.

Ainda de acordo com os indígenas, o fim da administração regional tem ocasionado uma série de invasões na região da Ilha do Bananal. Os invasores entram na terra roubam e vendem peixes, tartarugas e outros recursos naturais encontrados na região.

Faz seis meses que técnicos e funcionários da Funai não aparecem na região, por isso, o grupo veio cobrar uma resposta do órgão. “A gente quer que eles resolvam a situação, pois são vidas que estão em jogo”, declarou a representante do povo Kanela Lenimar Werreriá, que é presidente da Associação Wyky Iny Mahadu, da Aldeia JK.

Eles ainda criticam o processo de construção e aprovação do decreto. “Todo o processo foi falho, pois não ouviu o povo, não fez um estudo apropriado para acabar com as administrações e criar as coordenações. Tudo foi feito de cima, uma total falta de consideração do presidente do país com os povos indígenas”, disse Edmilson Moreira Karajá.

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