Um convite à luta: usemos o Mapa que é nosso!

Escrito especialmente para a APROMAC por Tania Pacheco

O Mapa de conflitos envolvendo injustiça ambiental e saúde no Brasil, que tem como “nome fantasia” Mapa de injustiça ambiental e saúde, teve como base para a sua construção as populações atingidas por esses conflitos. E elas apontam diretamente para uma conclusão óbvia: os piores casos estão na zona rural e são ligados de forma indubitável à disputa pelo território.

Mas o Mapa permite também outras análises, além das diferentes populações atingidas: seus apoiadores e defensores, os danos ambientais causados, os agravos à saúde por eles determinados e, ainda, quais as atividades causadoras dos conflitos. Para efeito deste pequeno texto, vou me ater a esta última.

Como pode ser visto no gráfico abaixo, 22% dos 297 casos apontam a omissão ou a conivência de entidades governamentais como os principais causados dos agravos. Esse número – é importante ressaltar – na maioria absoluta das vezes está associado a outras atividades. Ora é a falta de cumprimento da legislação que permite que a monocultura se espalhe sobre terras indígenas e quilombolas; ora a ausência de fiscalização que propicia a contaminação da terra, da água, do ar; ora a vista grossa para a destruição de manguezais e da vida das pessoas que dele vivem para que a carcinicultura se implante, com todos os seus problemas.

Não vou pretender, aqui, apontar o óbvio: deixo para a curiosidade de vocês verificar, no gráfico, quais as atividades mais nocivas, nesses 297 casos iniciais.

MAPA DE INJUSTIÇA AMBIENTAL - GRÁFICO

Gostaria, entretanto, de apresentar um segundo gráfico, que aprofunda de certa forma este primeiro, revelando quem são esses “outros”, responsáveis por 12% dos danos às pessoas e ao meio ambiente. Vamos a ele:

Se deixarmos de lado a indústria do turismo, que vem ocupando crescentemente o litoral e expulsando povos indígenas, pescadores artesanais, caiçaras, marisqueiros e outros tantos, temos uma segunda atividade claramente urbana: o setor imobiliário. Na lista de impactos, seguem os aterros sanitários e depósitos de resíduos e as carvoarias. Fora eles, vemos ainda que a maioria absoluta está de alguma forma ligada a indústrias que usam produtos químicos, tóxicos, quando não os dois juntos.

No Mapa, é possível ver claramente onde está cada um desses agravos. Como se apresentam em cada estado da federação ou como se concentram no Brasil como um todo. É possível pesquisar por palavra – contaminação química, urânio, amianto, por exemplo – ou juntar diretamente um estado que nos interessa especialmente e um tema em particular. Se digitássemos cobre Bahia, seríamos levad@s diretamente a Santo Amaro da Purificação. E também é possível digitar o nome de uma empresa e ver onde ela atua e como.

O desafio está lançado. Espero que vocês o aceitem, usando o Mapa e contribuindo para complementá-lo com mais dados e novas denúncias.

http://www.apromac.org.br/saicm20100517.htm

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